Produção imobiliária perdeu fôlego em 2002

A desaceleração econômica, a alta taxa dos juros e a falta de financiamento repercutiram fortemente nas atividades da construção imobiliária no ano de 2002. A produção imobiliária residencial e comercial em Curitiba apresentou redução de 58% em relação ao desempenho de 2001. Segundo levantamento feito pelo Ipeq (Instituto de Pesquisa, Estatística & Qualidade) para o Sinduscon-PR, foram concluídos 528.848 metros quadrados em 2002, enquanto no ano anterior foram construídos 1.254.761 metros quadrados. Muito abaixo da média de 1,4 milhão de metros quadrados apresentada nos últimos cinco anos, o desempenho da indústria imobiliária retorna aos patamares registrados em Curitiba na década de oitenta.

“Como nos demais setores da economia, a construção civil, especialmente a atividade imobiliária, perdeu fôlego no ano passado”, avalia o presidente do Sinduscon-PR, Ramon Andres Doria. “Além da alta taxa de juros que torna o dinheiro muito caro para a construção e financiamento de moradias, houve uma redução significativa no volume de crédito imobiliário em 2002”, afirma o empresário. Segundo estimativas do setor, os recursos contratados no ano passado em todo o país representaram apenas a metade do valor direcionado ao financiamento imobiliário em 2001.

Redução no financiamento

A performance da produção em Curitiba reflete a política de financiamento para a habitação, observa Doria. Sem financiamento para a produção e comercialização para a classe média, os construtores direcionaram a produção para os segmentos de renda mais baixa ou popular. São casas ou sobrados erguidos nos bairros da periferia, cujos compradores têm acesso às cartas de crédito da Caixa Econômica Federal. “Os bancos privados não investiram na habitação no ano passado” – destaca Doria – apesar da aprovação de uma resolução do Banco Central, em setembro, com o objetivo de aumentar os financiamentos imobiliários com os recursos da caderneta de poupança.”

Do volume total concluído no ano passado, 441.782 metros quadrados foram destinados ao segmento residencial, com 4.124 novas unidades construídas. Já o segmento de edificação comercial somou apenas 87.066 metros quadrados – redução de 76% em relação a 2001 (363.111 m2). A construção destinada a fins comerciais, incluindo também hotéis e outros usos, não repetiu em 2002 o desempenho alcançado no ano anterior, quando representou cerca de 30% do total da produção imobiliária concluída.

Completando as informações sobre produção imobiliária, a pesquisa aponta a prevalência da construção de unidades residenciais horizontais (até três pavimentos) em relação aos empreendimentos verticais. Do total de 4.124 unidades residenciais concluídas em 2002, 2.628 unidades (64%) foram construídas em prédios de até três pavimentos localizados nos bairros CIC, Portão, Boqueirão e Novo Mundo. Outras 1.307 unidades (32%) foram construídas em empreendimentos com quatro a oito pavimentos. E 189 unidades (4%) em prédios com mais de oito pavimentos.

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