Produção de carros no PR cai 28,9% no semestre

A produção de automóveis no Paraná caiu 28,9% no primeiro semestre de 2002 comparado aos primeiros seis meses de 2001. Foram fabricadas 70.422 unidades neste ano contra 99.045 no mesmo período do ano passado. Com estes números, as montadoras locais (Volkswagen/Audi, Renault e Volvo) tiveram desempenho bem pior que a média nacional do setor: queda de 9,47% na primeira metade do ano, passando de 983.181 veículos para 890.054.

Nas exportações, também houve redução – de 22,14%. Foram fabricados 25.181 unidades de janeiro a junho de 2002 contra 32.342 nos mesmos meses de 2001. A maior retração ocorreu na Renault (71,75%), que perdeu seu principal mercado, a Argentina. Também houve diminuição de 61,40% nas vendas externas de ônibus e caminhões da Volvo; de 54,89% nos veículos Audi e 13,94% no Golf, da Volkswagen, que tem Canadá, EUA e México como principais mercados.

A participação da produção de autoveículos do Paraná em relação à produção nacional, que era de 10,07% no primeiro semestre de 2001, recuou para 7,91% em igual período deste ano. De janeiro a junho, foram eliminados 266 postos de trabalho nas montadoras estaduais. Nos últimos doze meses, houve perda de 727 vagas. Em junho de 2001, o setor totalizava 8.048 empregos. Hoje, são 7.419. O balanço das montadoras paranaenses no semestre foi divulgado ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba e Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).

Análise

“Esse boom negativo na produção é conseqüência de vários fatores: baixo crescimento econômico no Brasil e no mundo, instabilidade e incertezas na economia, aumento do desemprego, queda na renda das famílias, alta taxa de juros e pressões no orçamento (por causa dos altos índices das tarifas públicas e novos hábitos de consumo, como TV a cabo e internet)”, analisa Clementino Tomaz Vieira, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos. Ele atribui a queda nas exportações à retração econômica mundial, crise argentina e greve dos auditores fiscais. Segundo Vieira, além do recuo nas vendas internacionais, o perfil da produção automobilística no Paraná colaborou para a queda bem acima da média nacional. “70% dos veículos produzidos e vendidos no Brasil são populares. Nossas montadoras não trabalham com esse produto”, assinala o sindicalista. “O que pode melhorar esse quadro são os acordos preferenciais de tarifas para importação com México e Chile; lançamento de novos modelos e nacionalização das peças”, opina Cláudio Gramm, presidente em exercício do Sindicato. E as perspectivas para o segundo semestre – quando sazonalmente a produção é menor -não são favoráveis. “Todos os fatores que levaram ao recuo das vendas estão mantidos. A instabilidade está até mais acentuada nesse momento”, reforça o economista Cid Cordeiro, do Dieese. Na avaliação dele, somente a adoção de políticas emergenciais de incentivo ao consumo de automóveis, como financiamentos ou modernização de frota, poderiam reverter a situação.

Máquinas agrícolas

O único setor com desempenho positivo na primeira metade de 2002 foi o de máquinas agrícolas. A Case New Holland, fabricante de tratores e colheitadeiras, registrou incremento de 5,57% na produção e 7,40% na exportação.

Renault fará paralisações

O desaquecimento do mercado de automóveis provocará novas paralisações na linha de produção da fábrica de veículos leves da Renault, em São José dos Pinhais. Nas próximas três semanas, não haverá expediente nas sextas e sábados. Normalmente, a semana dos novecentos trabalhadores da planta é de seis dias. Está programada ainda uma parada na semana de 26 a 30 de agosto. Como a produção diária da unidade é de 290 carros, mais 3.480 veículos deixarão de ser fabricados até o final de agosto. Os fornecedores exclusivos da Renault também deixam de trabalhar nas mesmas datas.

Com as folgas, a Renault pretende ajustar os estoques à demanda do mercado. Segundo informações de funcionários da fábrica, há cerca de 17 mil veículos parados no pátio. O número sobe para 35 mil, somando o estoque das concessionárias. Apesar dos empregados terem sido avisados das paradas técnicas, a assessoria de imprensa da montadora francesa informou que “por enquanto não há nada confirmado”. Segundo a empresa, “tudo vai depender do mercado. Se aquecer, não há necessidade de parar a produção”.

A última paralisação ocorreu de 22 a 24 de julho. No ano passado, a Renault produziu 71 mil veículos. Neste ano, a meta era chegar a 69 mil unidades, mas foi revista para 63.095. Até agora, foram feitos 29 mil.

Terceiro turno

Apesar de reduzir o ritmo de produção de carros, a Renault poderá contratar em breve mais 60 a 80 funcionários para a fábrica de motores, em São José dos Pinhais. Isso porque passou a exportar motores para os modelos Clio e Scénic montados no México. Com isso, a demanda passou para 196 mil motores no ano, enquanto em dois turnos, a capacidade é para 130 mil unidades. De acordo com funcionários, a implantação de um terceiro turno está sendo estudada.

VW/Audi

Já a Volkswagen/Audi, que no ano passado totalizou 98 mil veículos, prevê produzir 94 mil em 2002. Ao contrário da Volvo e Renault, ainda não concedeu férias coletivas este ano. “O que salva são as exportações do Golf, mas o pátio está com 6 mil carros para o mercado interno – é a produção de quinze dias. Se o mercado não melhorar, talvez tenha férias”, disse o coordenador da comissão de fábrica, Jamil D?Ávila. (OP)

Indústrias do Estado criam 34 mil empregos

O nível de emprego nas indústrias paranaenses no primeiro semestre deste ano cresceu 6,4%. O resultado foi divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e representa a criação de 34.370 novos postos de trabalho no setor industrial do Estado. Só em junho, as indústrias paranaenses ampliaram seu quadro de funcionários em 3,1%, o que significa um acréscimo de 11.100 novas vagas.

Os segmentos que mais contribuíram para o aumento de empregos no semestre foram os de produtos farmacêuticos (56%), editorial e gráfica (13%), química e têxtil (12%), papel e papelão (11%), produtos alimentares (10%), perfumes e sabões (9%) e mecânica (6%). No mês de junho, os setores que tiveram maior peso na geração de empregos industriais foram os de mecânica (9%), produtos alimentares (5%) e papel e papelão 4%).

Mais horas trabalhadas

Segundo a pesquisa da Fiep, a quantidade de horas trabalhadas subiu 5,3% em junho e 5,9% no semestre. O levantamentoindicou também que a massa de salários líquidos aumentou 9,2% no último mês pesquisado e 8,6 no semestre. Para a Federação da Indúsria do Paraná, o aumento dos salários é devido ao crescimento da prática da participação dos trabalhadores no resultado do semestre, que vem sendo estendida cada vez a mais empresas do Estado.

Vendas

O acompanhamento mensal da federação revelou ainda que as vendas industriais em junho aumentaram 3% e as compras 4,9%. Outro dado divulgado é que a indústria paranaense está operando com um faturamento real 98% superior ao de 1992, quando as pesquisas foram iniciadas.

Embora as vendas acumuladas do semestre tenham sofrido uma queda de 2,7%, o boletim da Fiep revelou que a tendência é que a atividade industrial cresça nos próximos seis meses.

Balança comercial teve superávit de US$ 336 mi

O Paraná fechou o primeiro semestre do ano com um saldo de US$ 336,561 milhões na balança comercial. Foi o resultado de exportações, que chegaram a US$ 1,973 bilhão, contra importações de US$ 1,637 bilhão. Com esses números, o Estado contribuiu com 13% do superávit de US$ 2,606 bilhões alcançado pelo Brasil no período.

O levantamento foi divulgado ontem pela Coordenadoria de Assuntos Internacionais (CAI) da Secretaria da Indústria, Comércio e

Turismo do Paraná, com base em informações fornecidas pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Em junho, as exportações paranaenses geraram receitas de US$ 343,324 milhões. As importações chegaram a US$ 230,796 milhões, o que proporcionou no mês um superávit de US$ 112,528 milhões, o melhor do ano, ou um índice 13% maior que o do mesmo mês do ano passado. A participação do Estado nas exportações brasileiras de junho de foi de 8,4%.

Com esses resultados, o Paraná se consolida como um dos quatro maiores exportadores do país. À frente, só os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O saldo das exportações do Paraná no semestre foi maior que o dos nove Estados do Nordeste juntos, que a soma dos cinco Estados do Norte e dos três Estados do Centro-Oeste mais o Distrito Federal.

Pólo automotivo – Os veículos montados no pólo automotivo do Paraná continuam liderando a pauta das exportações. No semestre, as carros garantiram receitas de US$ 253 milhões, representando 13% do tudo o que o Paraná exportou no período .Em seguida aparecem a soja, o milho, os motores para veículos, o frango, a madeira compensada e a os veículos a diesel.

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