Presidentes do Mercosul priorizam a integração

Buenos Aires – Argentina (Agência Brasil – ABr)

–  Os presidentes do Brasil, Fernando Henrique Cardoso; da Argentina, Eduardo Duhalde; do Uruguai, Jorge Batlle; do Paraguai, Luiz Ganzález Macchi; da Bolívia, Jorge Quiroga; e do Chile, Ricardo Lagos, assinaram, no início da tarde de ontem, em Buenos Aires, Argentina, comunicado conjunto, com 17 itens, no qual avaliam a situação e propõem soluções para o Mercosul.

 Os presidentes reafirmaram a prioridade ao processo de integração regional e ao aprofundamento da cooperação entre os integrantes do bloco. Eles manifestaram preocupação com o comportamento atual do sistema econômico e financeiro internacional, que tem sido uma das fontes de contribuição para a instabilidade da região, dificultando as possibilidades de um desenvolvimento econômico sustentável com eqüidade e justiça social.

Neste sentido, os presidentes expressaram sua solidariedade com a Argentina, que, de acordo com eles, está sofrendo os efeitos negativos que agravaram a situação econômica do país. Os presidentes conclamaram a comunidade internacional para estabelecer mecanismos que ajudem o país a superar seus problemas.

Além disso, os presidentes reunidos na Cúpula do Mercosul se comprometeram a continuar discutindo questões relevantes da nova agenda internacional, entre elas o terrorismo, a corrupção, o narcotráfico, a lavagem de dinheiro, a discriminação, a intolerância e o racismo, além do pleno respeito aos direitos humanos.

Também na declaração conjunta, os seis chefes de Estado reafirmaram o compromisso de prosseguir nos esforços para obter a efetiva implementação de acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC). Eles expressaram confiança em relação à segunda Cúpula de presidentes da América, que será realizada no Equador, nos dias 26 e 27 próximos.

Fortalecimento

O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebre), presidido pelo ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luíz Felipe Lampreia, divulgou ontem um manifesto no qual pedem uma série de providências aos presidentes do Mercosul, reunidos na Residência Oficial de Olivos (Buenos Aires), para o fortalecimento do bloco. O manifesto conta com 82 assinaturas de empresários, sindicalistas, acadêmicos e formadores de opinião da sociedade civil em geral dos países do Mercosul.

Entre as recomendações eles exortam os presidentes dos países membros do bloco a adotarem decisões firmes que indiquem os compromissos de cada uma das partes com o Mercosul e com o projeto de união aduaneira e futuramente de mercado comum.

Ajuda do FMI

Os ministros do Mercosul enviaram mensagem ao Fundo Monetário Nacional (FMI) pedindo mais rapidez na conclusão do processo de negociação de rolagem da dívida externa da Argentina, de US$ 9 bilhões. Segundo o jornal “Clarín”, o principal de Buenos Aires, os ministros afirmaram na mensagem que “só com essa ajuda o país poderá enfrentar as conjunturas adversas”.

Pelo lado brasileiro, referendaram o comunicado ao FMI os ministros da Fazenda, Pedro Malan; das Relações Exteriores, Celso Lafer; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral; e da Agricultura, Pratini de Moraes.

Os ministros brasileiros participam da 22.ª Reunião Ordinária do Conselho do Mercosul.

Assinado acordo automotivo

Buenos Aires

(AE) – Depois de idas e vindas, o Brasil e a Argentina decidiram assinar finalmente o acordo automotivo bilateral. Os dois países determinaram o prazo de 30 dias para definir uma metodologia de trabalho, que deverá incluir programas, prazos e a previsão da participação de todos os setores envolvidos, tanto público como privado, na cadeia produtiva do setor automobilístico.

Os dois governos decidiram que o Índice de Comércio Compensado (Flex) começará este ano com 2 pontos, chegando a 2,6 pontos em 2005. E, a partir de 2006, o comércio de veículos será totalmente liberado. Isto significa que neste ano, por exemplo, a Argentina poderá exportar dois veículos para o Brasil e importar um das montadoras brasileiras.

Em relação ao conteúdo local argentino, foi definido um índice porcentual de 20% este ano, que será mantido em 2003, caindo para 10% em 2004, 5% em 2005, ficando zerado em 2006. Com isso, a Argentina poderá utilizar autopeças fabricadas na sua indústria com estes porcentuais. E, a partir de 2006, a indústria argentina terá de usar componentes regionais.

Avanço

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, disse que a assinatura deste acordo representa um grande avanço nas relações destes dois países. “Estamos resolvendo problemas do passado e nos preparando para o futuro”, afirmou.

O chanceler argentino Carlos Ruckauf agradeceu a participação do presidente Fernando Henrique Cardoso para a consecução deste acordo, e o chamou de ?o estadista da América Latina?. Segundo Ruckauf, o resultado do acordo com o Brasil permitirá à Argentina exportar este ano todos os veículos que produziu em 2001.

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