Presidente da Renault diz que perde dinheiro no Brasil

O presidente da montadora francesa Renault, Louis Schweitzer, disse que seu grupo “perde muito dinheiro no Brasil” e não vê “nenhuma saída no momento”. As declarações foram publicadas ontem no jornal econômico francês La Tribune.

“Também registramos perdas na Argentina”, afirmou o presidente, que destacou também a queda nos custos. Com a redução, as operações não apresentam preocupação financeira.

A opinião de Schweitzer foi divulgada um dia após a Volkswagen ter anunciado que possui um excedente de 3.993 funcionários que serão remanejados para uma outra empresa e incentivados a procurar uma nova ocupação.

No caso da Renault, a montadora já anunciou no mês passado que abandonou um projeto de um novo veículo que seria produzido em sua unidade, localizada em São José dos Pinhais, no Paraná. A diretoria da empresa no Brasil não se manifestou sobre as opiniões de Schweitzer.

Chantagem

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CNM-CUT), Fernando Lopes, disse ontem que as montadoras Volkswagen e GM estão chantageando seus funcionários quando ameaçam, segundo ele, realizar “demissão em massa”. Segundo Lopes, o setor automobilístico passa por uma “crise momentânea” – que provocou excesso de veículos nos pátios das empresas – mas a perspectiva é de melhora.

“Já estão sendo elaborados projetos novos para reaquecer o mercado e alavancar a indústria automobilística, como o Modercarga e o Carro do trabalhador. O fortalecimento do setor automobilístico não pode ser feito com base na demissão de trabalhadores, já que houve um investimento muito grande do País a longo prazo, com a vinda dessas empresas”, comentou ele.

O sindicalista diz que o anúncio de “demissão e não reestruturação” das companhias “pegou a categoria de surpresa”. “Essas mudanças parecem ser precipitadas”, afirmou Lopes.

O presidente da CNM-CUT não descarta a possibilidade de os metalúrgicos realizarem greve para protestar contra as decisões a serem tomadas pelas montadoras. Na opinião do sindicalista, a saída para a crise do setor são novos investimentos na indústria automobilística brasileira e o lançamento de novos produtos. “Ganho de produtividade não pode resultar em demissões, e sim em mais trabalho”, insistiu.

“Qualquer queda nas vendas é usada como desculpa pelas montadoras para demitir os trabalhadores. Não aceitamos as demissões e encaramos isso como chantagem, já que o faturamento das montadoras é bastante significativo e uma crise passageira não pode significar o sacrifício de milhares de trabalhadores”, finalizou.

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