Preços e salários impedem queda maior da inflação

A persistência da inflação tem suas origens, segundo os diretores do Banco Central, nos reajustes de preços e salários ocorridos desde o início deste ano, que se basearam na elevada taxa de inflação acumulada nos últimos 12 meses. “E não na sua projeção futura”, destacam os diretores do BC no texto da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio, divulgada ontem. Para o Copom, a política monetária não deve “sancionar” reajustes de preços e salários baseados na inflação passada, “dado o risco de se perpetuar a inflação em patamares elevados”.

Brasília

– De acordo com a análise da diretoria colegiada do BC, há sinais de que a política monetária aplicada no País começa a obter resultados no combate à inflação. “As perspectivas do Copom, assim como as expectativas dos analistas econômicos, são de continuidade da queda da inflação em direção à trajetória de suas metas”, afirmam os diretores no texto da ata.

Dois pressupostos são utilizados como base para essas perspectivas favoráveis com relação à tendência de queda da inflação. O primeiro é que a persistência da inflação deve se configurar como um fenômeno “temporário”. O segundo é que a recente valorização do real frente ao dólar deve afetar positivamente a dinâmica de preços, gerando portanto efeitos sobre a inflação.

Aumento menor

O Copom reduziu mais uma vez sua projeção para o reajuste dos preços dos combustíveis no País em 2003. De acordo com a ata da última reunião do comitê, realizada na semana passada, a expectativa dos diretores do BC é que o preço da gasolina sofra, ao longo de 2003, um reajuste de 6%, já incorporando nesse percentual a redução de preços ocorrida no início deste mês. Na reunião de abril, o comitê já havia reduzido de 12,4% para 8,4% sua projeção para o reajuste do preço da gasolina.

Se por um lado as projeções estão reduzindo, por outro elas estão aumentando. É o caso das estimativas feitas com relação ao preço do gás de cozinha. Segundo o Copom, o preço do botijão de gás deve sofrer um reajuste em 2003 de 4,5% e não mais de apenas 1,6% como estimado pelo próprio comitê em abril. “As projeções para os reajustes do gás de botijão em 2003 elevaram-se para 4,5% devido ao aumento de 4,13% do preço ao consumidor ocorrido em abril, mês em que os preços cobrados pela Petrobras permaneceram inalterados”, argumentam os diretores do BC.

Para o preço das tarifas de energia elétrica, a valorização do real frente ao dólar acabou beneficiando o consumidor, fazendo com que o Copom reduzisse novamente sua projeção para o reajuste desse conjunto de preços. A expectativa agora é que as tarifas elétricas sofram uma correção de 23,7% em 2003 e não mais de 24,5% como estimado em abril. “Essa taxa poderia ser menor, não fossem as cobranças de taxas de iluminação pública em diversas capitais, como Curitiba, São Paulo, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Goiânia e Rio de Janeiro”, explicam os diretores.

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