Preços dos combustíveis não serão alterados

O preço do petróleo no mercado internacional pode cair; a cotação do dólar no mercado interno também pode cair. Porém, os preços dos derivados de petróleo (que sobem quando o petróleo e o dólar aumenta) não vão cair. A análise é da ministra de Minas e Energia, Dilma Russeff.

De acordo com analistas de mercado, os brasileiros estariam hoje pagando mais caro pela gasolina do que os consumidores de muitos países mais ricos. No entanto, segundo a ministra, assim como a Petrobras não realizou nenhum aumento de preços neste ano quando o petróleo estava em alta, a estatal também não vai reduzir o valor do combustível por conta das recentes quedas.

“O preço está mantido. Como nós não subimos anteriormente, não vamos reduzi-lo agora”, disse Dilma. Segundo a ministra, havia uma defasagem entre o preço da gasolina praticado no Brasil pela Petrobras que poderá ser compensado agora.

Dilma disse também que como não se sabe quanto tempo irá durar a guerra no Iraque, não se pode considerar que o preço do petróleo está estabilizado no exterior. Ou seja, se a Petrobras reduzisse o preço agora e o petróleo subisse novamente, a estatal teria que promover novos reajustes.

“A oscilação do preço da gasolina poderia desestabilizar nossa economia”, afirmou.

O último reajuste dos combustíveis promovido pela Petrobras foi no final do ano passado, ainda no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Na época, a empresa elevou o valor da gasolina na refinaria em 12,8% e em 9,5% para o consumidor.

Na semana passada, a Petrobras admitiu que estava segurando o preço da gasolina para evitar impactos na inflação. As fortes altas verificadas nos indicadores desde o final do ano passado foram puxadas, principalmente, pelo aumento dos combustíveis.

Desde o início da guerra, o preço do barril do petróleo já sofreu uma desvalorização de mais de 20% devido aos estoques que foram feitos para a guerra e à expectativa de que o conflito tenha curta duração.

Impacto

Os combustíveis têm pressionado a inflação e, este ano, o grupo transportes foi o que apresentou maior variação de preços pelo IPCA-15: 8,52%. Este mês, as altas foram menores: a gasolina subiu 1,71%, contra 6,64% em fevereiro e o gás de cozinha recuou 3%, contra uma alta de 0,17% no mês passado. Mas, com a disparada do preço do petróleo no período pré-guerra, havia o temor de que o governo tivesse que fazer novos reajustes nos próximos meses.

Governo estuda “realinhamento”

A ministra Dilma Rousseff afirmou ontem que o governo estuda uma proposta de realinhamento das tarifas de energia. De acordo com ela, a medida “implica a redução do grau de subsídio cruzado dos consumidores residenciais para os comerciais e industriais”. Dilma ressaltou que, quando concluída a mudança, “pode ser” que os consumidores residenciais paguem “proporcionalmente menos”.

Hoje, as tarifas pagas pelos clientes residenciais são maiores do que aquelas cobradas dos setores comercial e industrial, que são subsidiados.

A ministra afirmou que a proposta deverá ser apresentada em detalhes até o dia 10 de abril. Ela adiantou que está sendo estudada a possibilidade de se criar um diferencial para as tarifas energéticas cobradas das empresas exportadoras, “que têm de ter competitividade para vender”. Dilma observou que a implantação do realinhamento “talvez” necessite de algum decreto. Porém, ela ressalvou que a adoção da medida já está prevista na legislação atual.

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