Preços de alimentos puxaram inflação de 2007, afirma economista

Brasília – A inflação de 2007 (4,46%) mostra uma alteração de perfil: os produtos com preços administrados, como telefone e remédios, deixaram de pressionar o índice. No ano passado, os alimentos foram responsáveis por cerca da metade do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), correspondendo a 2,21 ponto percentual dos 4,46% do índice fechado de 2007.

A avaliação foi feita pela coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes. Ela informou que desde 2002, quando houve o "choque cambial" o instituto passou a observar queda crescente da inflação, "convergindo para números cada vez menores e com uma tendência de estabilização".

O IPCA, que mede a inflação oficial do país, interrompeu uma trajetória de quatro anos em queda. Tinha ficado em 12,53% em 2002; 9,30% em 2003; 7,60% em 2004; 5,69% em 2005; e 3,14% em 2006. Eulina Nunes avaliou que foram os alimentos, que estão sujeitos a uma série de influências internas e externas, os responsáveis por alterar esse movimento.

"No Brasil, a questão climática, que afetou fortemente as lavouras de  feijão, levou a mais do que dobrar os preços do produto, por exemplo. Já a seca na Austrália, prejudicou a exportação desse país e os interesses dos Estados Unidos, com aumento do plantio de milho em seu território, em detrimento da soja, fez com que os preços dos produtos aumentassem", explicou Eulina Nunes.

Os alimentos, com peso de 21,44% na despesa das famílias, ficaram 10,79% mais caros em 2007. O item carnes, que teve aumento de 22,15%, deteve a maior contribuição no IPCA de 2007: 0,39 ponto percentual. Em seguida, veio leite e derivados, com alta de 19,79% e contribuição de 0,36 ponto percentual. Os preços dos feijões chegaram a aumentar, em média, 109,20% e representaram a terceira maior contribuição no IPCA de 2007: 0,31 ponto percentual.

Para 2008, a economista do IBGE acredita que o grupo dos alimentos e bebidas devem continuar sendo "foco de atenção". "Os alimentos vão continuar pressionando em janeiro a inflação. Eles não dão indício de acomodação, porque já vieram de dezembro com uma alta muito grande", avaliou. "A estiagem nos últimos meses do ano impediu o plantio de algumas safras como a de feijão. E os preços no mercado internacional continuam subindo. Esse é um ano de atenção para os alimentos", disse.

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