Preços administrados pressionaram a inflação

Os preços administrados responderam por um terço da inflação nos últimos 10 anos. O Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) acumulou alta de 145,01% entre julho de 1994, início do real, e junho deste ano. A tarifa de telefonia fixa, cujos serviços foram privatizados nesse período, foi a campeã de reajustes e acumula alta de 611,03% no período, à frente apenas dos aluguéis, que tiveram reajustes de 544,1%.

Por causa das tarifas, o grupo habitação foi o que apresentou a maior elevação do período do real, de 240,2%. Todas as despesas com serviços, impostos ou produtos com preços administrados pelo governo tiveram reajuste superior ao da inflação do período na cidade de São Paulo. Os gastos com energia elétrica subiram 221,02%, as tarifas de água e esgoto encareceram 223,14%, o valor do imposto predial aumentou 165,74%. O preço do gás de botijão, o mais utilizado pela população, teve a terceira maior alta do real, de 483,05%, bem acima do que aumentou o preço do gás encanado, que também aumentou mais do que a inflação: 199,97%.

O custo do transporte ficou 217,52% mais alto. A gasolina e o álcool combustível tiveram reajustes de 257,95% e 111,48%, pela ordem. Os transportes públicos, em alguns casos, tiveram aumento bem maior. A tarifa de ônibus na capital paulista ficou 306,52% mais cara e a de trem, 331,72%. O metrô encareceu 255,01%. Para quem usa táxi, o aumento foi de 284,48%.

Na média, o reajuste dos alimentos ficou em 104,89%, abaixo da inflação do período. No grupo, o produto que mais subiu de preço foi o pão francês, com alta de 225,07%. O óleo de soja ficou 166,36% mais caro no período.

?Podemos dividir o Plano Real em duas etapas. A primeira, até o fim de 1998, antes da desvalorização. Nesse período os preços que mais subiram foram os de produtos de consumo apenas interno. Depois da desvalorização, com o estímulo às exportações, foram os preços das commodities que apresentaram a maior alta, pois as empresas adequaram suas tabelas ao mercado internacional?, disse Juarez Rizzieri, coordenador-adjunto do IPC-Fipe.

Outros produtos e serviços cujos preços subiram muito acima da inflação foram: plano de saúde (281,37%) e mensalidades de ensino superior (299,67%).

Por grupo, as variações da inflação durante o real foram: alimentação (104,89%), transportes (217,52%), despesas pessoais (100,88%), saúde (201,28%), vestuário (11,39%) e educação 242,70%. Nesta lista, o que mais chama atenção são os preços das roupas e calçados, que não conseguiram acompanharam o aumento médio dos demais preços.

?A política econômica teve um lado positivo. Alguns grupos puxaram bastante, mas em outros, como os alimentos e vestuário, houve reajuste menor do que a inflação do período?, afirmou o economista.

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