Preços administrados já pressionam IPCA

A inflação dos preços administrados ou monitorados mais do que dobrou na passagem de março para abril, dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passando de 0,18% para 0,47%, no período. Com reajustes anunciados para tarifas de energia elétrica, taxas de água e esgoto e táxi, esses itens devem pressionar ainda mais a inflação de maio, informou o IBGE.

Em abril, ficaram mais caros taxa de água e esgoto, gás de botijão, energia elétrica residencial, ônibus urbano, táxi, metrô, emplacamento e licenças, óleo diesel, produtos farmacêuticos, plano de saúde e telefone fixo. Três desses itens apareceram entre os principais impactos no IPCA do mês: remédios, plano de saúde e energia elétrica.

“Os serviços monitorados, apesar de terem aumentado muito em abril, na taxa acumulada no ano e em 12 meses ainda estão abaixo do índice geral (IPCA). Isso significa que os serviços estão pressionando mais a inflação”, afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

No ano, a alta acumulada nos preços dos serviços é de 1,39% e, em 12 meses, de 3,13%. No IPCA, a alta acumulada no ano é de 1,87% e, em 12 meses, de 5,10%.

No entanto, a inflação de maio terá forte impacto de reajustes de monitorados, como táxi, energia elétrica e tarifa de água e esgoto. “Maio, pelos reajustes que já foram concedidos, é um mês que vai se caracterizar por aumentos de administrados”, disse Eulina.

Os impactos esperados para a próxima leitura do IPCA são dos reajustes de táxi no Rio de Janeiro, de 6,8% na bandeira e 6,2% no quilômetro rodado, a partir de 4 de abril; de 3,17%, em média, no táxi em Porto Alegre a partir de 30 de abril; de 5,3% na tarifa de energia elétrica de uma das empresas que operam em Porto Alegre a partir de 19 de abril; de 3,7% na energia elétrica em Belo Horizonte a partir de 8 de abril; de 5,4% na energia elétrica no Recife a partir de 29 de abril; de 6,5% na energia elétrica em Salvador em 22 de abril; de 5,4% na taxa de água e esgoto em Belo Horizonte em 13 de maio; de 12% na água e esgoto em Fortaleza em 30 de abril; de 12,9% na água e esgoto em Salvador em 1º de maio; e de 5,3% na água e esgoto em Goiânia em 1º de maio.

“Maio vai concentrar mais reajustes de administrados do que abril”, confirmou Eulina. “Todos esses itens, especialmente energia elétrica e taxa de água e esgoto são muito importantes nas despesas das famílias.”

Na direção oposta, deve haver algum alívio pela redução de 8,2% na tarifa de energia elétrica em Fortaleza a partir de 22 de abril e na redução da tarifa de telefone fixo, por força de decisão da Justiça após guerra de liminares.