Preço de combustíveis deve cair nesta semana

Os preços de alguns combustíveis devem cair “muito provavelmente” ainda nesta semana. A informação foi confirmada ontem pela ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Nos últimos dias, houve muita especulação sobre a redução dos combustíveis uma vez que os preços internos do gás de cozinha e da gasolina se mantiveram acima do preço internacional. O litro da gasolina produzida pela Petrobras custa R$ 0,72, sem impostos, enquanto o produto importado sai por R$ 0,56. Nessa conta, seria possível uma redução de R$ 0,16 no preço final da gasolina, que poderia ficar abaixo de R$ 1,70 em Curitiba, segundo o presidente do Sindicombustíveis/PR, Roberto Fregonese.

“Não dá para entender: quando o petróleo tem alta, o produto logo sobe aqui. Quando desce, temos que ter a paciência de um balão para o preço cair”, compara. Algumas distribuidoras, como a Esso, já importaram produto. “O mercado só não se anima muito em importar porque precisa fechar contratos de longo prazo e nesse período, a Petrobras pode baixar os preços”, comenta Fregonese.

A ministra Dilma Rousseff evitou falar sobre quais combustíveis teriam redução no preço e quais seriam os percentuais de redução. No entanto, espera que as reduções futuras de preços sejam repassadas integralmente para o consumidor. “É possível”, concorda Fregonese, destacando que há nove semanas o preço médio da gasolina vem caindo no Paraná. Na última semana, fechou em R$ 1,945.

Dilma voltou a afirmar que o mercado de combustíveis é “cheio de imperfeições graves” provocadas, principalmente, pelo grande número de liminares. Para tentar barrar essas liminares, a AGU (Advocacia Geral da União) está em “processo final de avaliação” sobre a possibilidade de ingressar com Ação Declaratória de Inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal para garantir a arrecadação da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico).

No dia primeiro de maio, foi anunciada queda de 10% no preço da gasolina na refinaria. Como a redução prevista de 6,5% ao consumidor não aconteceu em mum mês, a ministra determinou que a ANP apertasse a fiscalização. A insatisfação com os preços dos combustíveis não é só do consumidor e já chegou ao Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que registrou na ata de sua última reunião: “mesmo após as últimas reduções na refinaria, os valores internos ainda são superiores aos preços observados no mercado internacional”.

GLP

Analistas de mercado consideram viável reduções de 10% a 12% no valor do GLP. “Em relação ao preço internacional, o preço brasileiro está até 27% mais caro”, disse Fabiana Fantoni, da Tendências e Consultoria Integrada. No Paraná, o preço do botijão de 13 kg de gás de cozinha já poderia estar custando R$ 26,25, considerando um recuo de 10% sobre a média de R$ 29,17 apontada na última pesquisa semanal da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Em Curitiba, o bujão poderia custar em média R$ 24,79 – ante o preço atual de R$ 27,55.

Segundo os revendedores, o alto custo do produto fez as vendas de gás de cozinha encolherem 5% no ano passado e 10% nesse ano. Para o presidente do Sindicato das Revendedoras de Gás do Paraná (Sinregas), Stélios Chomatas, a redução se deve à mudanças de hábitos da população. “Refeições coletivas, o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), e equipamentos mais econômicos, como microondas, desviam o consumo de GLP”, comenta. A última vez que a Petrobras reajustou o preço do gás foi em dezembro. O aumento foi de quase 8%.

ANP fecha mais dois postos em Curitiba

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) lacrou ontem mais dois postos de combustíveis em Curitiba, em operação de fiscalização conjunta com a Promotoria de Investigação Criminal (PIC). Dos oito locais vistoriados na blitz, dois apresentaram irregularidades nas análises preliminares. Um foi lacrado e no outro, o gerente foi preso. O posto Ferroviários, na Vila Oficinas, foi fechado depois que o laudo da UFPR confirmou a adulteração do combustível.

Em um dos postos onde o Ministério Público constatou irregularidades, no Centro, o gerente foi autuado em flagrante por violação de bandeira (venda de combustível de origem diversa da distribuidora anunciada) e adulteração de combustível, com mistura de 27% de álcool à gasolina (o máximo permitido pela ANP é 26%). Ele foi preso e levado para a Central de Triagem.

No outro posto, no Cajuru, foi registrada adulteração com 27% de álcool à gasolina. O estabelecimento foi lacrado, mas o gerente do posto fugiu no momento da fiscalização. Nesses dois locais (cujos nomes não foram divulgados), os fiscais recolheram amostras de combustível para exames na Usina de Química Piloto da UFPR. Os laudos que comprovarão ou não os indícios sairão nos próximos dias.

A PIC recebeu ontem mais sete laudos da UFPR referentes às operações realizadas nos dias 19 e 20 de junho. As análises apontaram irregularidades em dois postos: o Ferroviários, na Vila Oficinas, foi fechado à tarde e o outro poderia ser interditado ainda na noite de ontem, informou o promotor Paulo Sérgio de Lima, da PIC. Dois fiscais de Brasília e Santa Catarina atuam na operação, já que os fiscais do Paraná foram afastados sob suspeita de corrupção.

Os oito primeiros laudos da operação saíram na semana passada, confirmando adulteração em cinco postos. Dados da ANP mostram que a adulteração atingiu 18% da gasolina vendida no Paraná em maio, mês em que foi registrada queda nominal de 12,3% nas vendas. “Se o Estado tem a maior fraude e o menor preço do País, sinaliza um problema sério de “importação? de produto oriundo da fraude, que fica fora da estatística”, avalia o presidente do Sindicombustíveis/PR, Roberto Fregonese. (Olavo Pesch)

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