Preço de artigos relacionados à moda sobe menos do que a inflação, diz FGV

Rio de Janeiro – Pesquisa divulgada nesta sexta-feira (18) pela Fundação Getulio Vargas (FGV) revela que o Índice da Moda brasileira, que reúne uma série de produtos e serviços relacionados ao setor, foi o que apresentou a menor taxa de inflação nos últimos sete anos, em relação às demais classes de despesas investigadas pela entidade. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 57,04%, entre os anos de 2001 e 2007, o Índice da Moda evoluiu apenas 35,15% no mesmo período.

O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, explicou que o segmento da moda está contido no IPC, mas não tem um acompanhamento periódico. Para chegar ao novo índice, a FGV realizou um trabalho especial para detectar um conjunto mais variado de produtos e serviços como roupas, calçados, tecidos, acessórios do vestuário e até mesmo artigos de higiene e maquiagem.

?E constatamos que o Índice da Moda registrou 35,15% de inflação de 2001 até 2007. Uma taxa muito abaixo dos 57,04% que o IPC Brasil registrou no mesmo período?, reiterou Braz.

Embora o índice da moda tenha sido construído por agregação especial de produtos e serviços que estão presentes no IPC e não tenha uma divulgação sistemática, Braz afirmou que ?deu para ver nessa simulação que entre as demais classes de despesas componentes do índice, foi esse mix de produtos e serviços ligados à moda que subiu menos do que a inflação acumulada no período?.

O economista destacou que alguns componentes, inclusive, ficaram abaixo do Índice da Moda, como roupas e calçados. Roupas masculinas subiram nos últimos sete anos 27,94%, roupas femininas, 23,04%, calçados masculinos, 30,79% e calçados femininos, 20,94%.

André Braz informou que ?as variáveis que puxaram o índice para cima foram os serviços, com alta de 39,36%, acessórios (48,97%) e artigos de higiene e maquiagem (54,51%). Esse conjunto de produtos subiu um pouco mais que a inflação média do período, enquanto vestuário e calçados registraram variações mais baixas?.

No caso de vestuário e calçados, André Braz  revelou que as variações abaixo da inflação estão relacionadas às importações, que cresceram muito nos últimos sete anos. Elas passaram de 18 mil toneladas em 2001, com valor de US$ 141 milhões, para 40 mil toneladas em 2007, chegando a US$ 486 milhões. ?E isso contribuiu para frear um pouco a evolução dos preços desse segmento no mercado interno?, garantiu.

O economista frisou que o setor têxtil e de vestuário é fortemente tributado no Brasil, ao contrário do que acontece na China, por exemplo, onde existe um incentivo à produção. O resultado foi a criação de uma concorrência que acabou segurando um pouco a evolução dos preços desse segmento.

Segundo ele, nos Estados Unidos ocorreu o mesmo processo. Enquanto o segmentode vestuário mostrou queda de quase 8%, entre 2001 e 2007, o índice médio de inflação subiu 20%.

Braz acredita que o movimento de inflação mais baixa no segmento da moda, em comparação ao IPC, deverá se manter este ano.

?A tendência não deve mudar. Ela deve continuar pelo menos em 2008, contribuindo cada vez menos para a formação da inflação, visto que a quantidade de itens importados vem crescendo através de dados do balanço de pagamentos?, avaliou.

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