Primeiro foi o feijão; depois, o arroz. Agora é a vez do preço da carne vermelha disparar e assustar os consumidores. Em Curitiba, alguns cortes chegaram a subir quase 21% em apenas duas semanas, reflexo da baixa oferta de animais para abate não só no Paraná como em todo o País. Para o consumidor, resta pesquisar, buscar promoções e fazer substituições quando possível.
Levantamento feito pelo Disque-Economia em 16 supermercados de Curitiba revela que o preço médio do coxão mole subiu 20,94% entre 21 de maio e 12 de junho, passando de R$ 9,90 para R$ 11,92.
O quilo do filé mignon também aumentou, de R$ 21,45 para R$ 25,09 no mesmo período, ou seja, alta de 19,16%. Cortes menos nobres também ficaram mais caros – caso do acém, que custava R$ 6,19, em média, há duas semanas, e passou para R$ 7,19 na última quinta-feira: alta de 15,75%.
?Estamos no período de entressafra e a tendência é que o preço da carne suba ainda mais?, destacou o coordenador do projeto Disque-Economia, Henry Paulo Lira. No que depender do preço pago ao produtor, o consumidor precisa, de fato, preparar o bolso: a arroba em regiões como de Paranavaí e Maringá chegou a R$ 90,00 esta semana, um recorde histórico. Segundo Lira, como os supermercados contam com estoques e fecham contratos de compra com anatecedência, essa alta do preço do boi só deve chegar ao consumidor entre duas e três semanas.
Para quem não consegue abrir mão da carne vermelha, uma das dicas de Lira é fazer compras nas quintas ou sextas, quando os supermercados normalmente realizam promoções. ?No final de semana, como o movimento é maior, a maioria dos produtos voltam ao preço normal. Segunda-feira também é um dos piores dias para compras?, apontou.
Outro conselho importante é pesquisar os preços. Na sexta-feira, conforme levantamento do Disque-Economia, o quilo da alcatra variava de R$ 8,49 a R$ 16,68 em Curitiba, dependendo o supermercado – diferença de 96%. No caso do coxão mole, a diferença era um pouco menor mas não menos expressiva: 81,58%, com o quilo custando entre R$ 8,25 e R$ 14,98. Já o quilo da costela ripa era encontrado a partir de R$ 5,99 até R$ 8,78, diferença de 46% entre o maior e o menor preço. O Disque-Economia pesquisa preços de 267 itens e informa através do fone (41) 3262-6564 onde encontrar determinado produto pelo menor preço.
Estão faltando animais para abate
A alta do preço da carne vermelha nas prateleiras é reflexo sobretudo da baixa oferta de animais para abate. ?Nos últimos quatro anos, caiu a rentabilidade do produtor e ele passou a abater fêmeas.
Isso aconteceu não só no Paraná, mas em todo o País?, apontou o médico veterinário Adélio Ribeiro Borges, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Abastecimento e Agricultura (Seab). Segundo ele, o descarte médio é de 25% das fêmeas do rebanho, mas nos últimos anos o índice saltou para 48%, reduzindo o número de bezerros nascidos. Só no Paraná, o rebanho passou de 10,4 milhões de cabeças para 9,4 milhões.
Como o ciclo do gado é de médio a longo prazo, a tendência é que os preços continuem em alta. ?O mercado está aquecido?, afirmou Borges. Esta semana, a arroba do boi atingiu R$ 90,00 em regiões como de Paranavaí, Umuarama, Guarapuava e Cascavel. Desde janeiro, a arroba não pára de subir: custava, em média, R$ 68,54 em janeiro, chegou a R$ 71,88 em abril, R$ 75,41 em maio e R$ 85,00, em média, agora em junho – 65% mais do que em junho do ano passado, quando a arroba era comercializada por R$ 52,57, em média, no Paraná.
Em junho de 2006, a arroba havia atingido um dos menores preços: R$ 44,57. Borges lembra, porém, que o custo para o produtor também aumentou: o preço do sal mineral, principal insumo do gado, subiu 70% nos últimos seis meses. (LS)