PR teve a maior queda nas vendas industriais

As vendas reais da indústria paranaense caíram 13,61% em janeiro, comparado ao mesmo mês de 2002, registrando o pior desempenho entre os doze estados pesquisados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). No País, o setor registrou crescimento de 2,82% no período. Na comparação de janeiro de 2003 com dezembro do ano passado, a queda das vendas no Paraná também foi a maior entre as regiões pesquisadas (-26,48%), enquanto o recuo nacional foi de 3,16%. No primeiro mês de 2003, o faturamento real da indústria paranaense foi 42,41% superior ao de 92, ano de início do levantamento.

O presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), José Carlos Gomes de Carvalho, considerou “normal” o desempenho negativo em janeiro devido à sazonalidade. “A queda era esperada”, comentou, ressaltando que o perfil da indústria paranaense contribuiu para a maior diminuição de vendas do País. “Com uma área alimentar forte, tivemos grandes vendas realizadas em dezembro. O período de janeiro é sempre dramático para nós, mas por enquanto não é nada preocupante”, declarou. Carvalho lembrou que apesar de 2002 ter sido ano eleitoral e de incertezas na economia mundial, a indústria paranaense registrou incremento de 1,91% nas vendas em relação a 2001, quando o setor cresceu 26,25%.

Para mostrar a influência da sazonalidade sobre os resultados de janeiro, o presidente da Fiep citou a inversão dos setores que mais cresceram. “Produtos farmacêuticos e veterinários, que liderou no ano passado, fechou janeiro no vermelho”, exemplificou. Na comparação com janeiro de 2002, somente três gêneros apresentaram elevação de vendas no Paraná: vestuário, calçados e artefatos de tecidos (79,61%), madeira (56,73%) e material de transportes (46,74%). Os outros dezesseis setores tiveram desempenho negativo, com as maiores quedas verificadas em: química (-63,25%), perfumaria, sabões e velas (-54,53%), bebidas (-47,98%) e têxtil (-43,30%).

Emprego e renda

O único dado positivo da indústria local foi o nível de emprego, que aumentou 6,44%, correspondendo à abertura de 4,5 mil vagas. Na comparação com janeiro de 2002, os setores que mais contrataram foram: química, produtos farmacêuticos e veterinários, produtos alimentares, papel e papelão, e metalúrgica. Em relação a dezembro, entretanto, foram fechados 8,5 mil postos de trabalho no setor (-2,30%). Carvalho atribuiu essa redução aos empregos temporários de final de ano.

Os salários líquidos reais dos empregados na indústria diminuíram 8,10%, comparado a janeiro passado – foi a maior redução entre os estados, enquanto no Brasil houve redução de 4,68%. No Paraná, as horas trabalhadas na produção foram 2,21% superiores às de janeiro de 2002, acima da variação nacional (1,73%). A utilização da capacidade instalada da indústria local foi de 74,6%, menor que no mesmo mês do ano passado (76,1%). No País, o percentual foi de 79,4%, contra 78,7% em janeiro de 2002.

Perspectivas

Apesar do decréscimo nas vendas, as compras em janeiro foram 31,05% maiores que em janeiro de 2002. “Isso significa que a indústria está se preparando para produzir e vender. Se não tivesse pedidos para os próximos meses, não haveria compras tão altas”, assinalou Carvalho. “A indústria química, que foi a lanterna nas vendas, foi a que mais contratou”, cita. Embora considere prematuro fazer projeções diante das incertezas mundiais (possibilidade de guerra) e do plano econômico brasileiro, ele aposta em crescimento de 3%, num cenário complicado, a 5%, num cenário otimista.

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