Porto já transfere a soja transgênica

A soja transgênica estocada em armazéns privados do Porto de Paranaguá começou a ser transferida ontem para o silo público (silão), conforme acordo firmado na sexta-feira entre a direção do porto e os operadores. A transferência iniciou com a retirada das 5 mil toneladas de soja armazenadas na retaguarda, ou seja, fora da área primária do porto. O maior volume de soja geneticamente modificada foi encontrado nos terminais da ADM e da Cargill (cerca de 20 mil toneladas em cada um) e no silo público.

Por causa da entressafra e da suspensão das exportações de transgênicos por Paranaguá, o número de caminhões para descarregar está reduzido. Na sexta-feira, havia cerca de 300 veículos aguardando no pátio de triagem. Ontem à tarde, apenas 30. O trabalho de transferência da soja e de limpeza dos armazéns a serem desocupados deve estar concluído até o dia 15. O silão será lacrado pela Claspar e aberto somente no dia 24. Os operadores terão dois dias para embarcar o produto em dois ou três navios. Caso não consigam compradores até o dia 25, a carga será retirada por via rodoviária.

Na medida em que cada armazém estiver vazio e descontaminado, caminhões com soja convencional começarão a desembarcar seus produtos no porto para a retomada das exportações. Testes realizados pela Claspar em três terminais portuários apontaram que das cerca de 65 mil toneladas de soja amostradas, 98% apresentaram resultado positivo de transgenia. Neste ano, o porto embarcou 5,6 milhões de toneladas de soja, contra 5 milhões em todo o ano de 2002.

A reunião entre o vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, o superintendente da Appa, Eduardo Requião, e o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, que sairia hoje, deve ficar para amanhã. O objetivo é discutir as questões paraguaias envolvendo o Porto de Paranaguá, entre elas a soja transgênica.

Área livre

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) solicitou mais informações ao governo do Paraná para emitir a declaração de área livre de transgênicos. O Paraná foi o primeiro Estado a pedir o reconhecimento, previsto na instrução normativa n.º 14/03 do Mapa, de outubro. O diretor do Departamento de Fiscalização Agropecuária da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, Felisberto Baptista, informou que os dados adicionais serão encaminhados nesta semana. “Não dá para estimar um prazo, mas em poucos dias sai o reconhecimento”, declarou.

Baptista retornou ontem de Brasília, onde junto com a procuradora do Estado Ana Cláudia Gras esteve na Secretaria da Defesa Agropecuária. “Vamos demonstrar ao Ministério que aqueles grãos apreendidos no início do ano e no ano passado estão seqüestrados, isolados, portanto não tem risco e podemos assegurar que o Estado é livre”, explicou. “O que tem de transgênico já foi apreendido e não está em circulação, não foi plantado nem comercializado.”

Neste ano, a Seab apreendeu a produção de soja transgênica em 51 hectares de áreas pertencentes a três proprietários. Todos os grãos geneticamente modificados estão em armazéns, ficando os proprietários como fiéis depositários. Entre os dados que serão enviados ao Mapa, estão as 20 mil amostras negativas de transgenia realizadas nos últimos 12 meses, sendo 8 mil só no plantio da última safra. Isso, segundo Baptista, representa que pelo menos 95% da safra colhida não é transgênica. “Aquilo que porventura for encontrado, será retirado do Estado, como está sendo feito no Porto de Paranaguá”.

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