A soja geneticamente modificada que vai ser produzida na próxima safra brasileira não vai ser exportada pelo Porto de Paranaguá. A afirmação do secretário de Estado do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, confirma a posição do governador Roberto Requião (PMDB) de transformar o Paraná num Estado livre dos transgênicos.

Cheida abriu ontem no Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, a Pré-Conferência Estadual do Meio Ambiente, que visa determinar diretrizes da política ambiental que serão levadas para a conferência nacional, que acontece entre 28 e 30 de outubro, em Brasília.

O secretário explicou que além da preocupação com o meio ambiente e com a saúde das pessoas, a aversão aos transgênicos também é uma estratégia comercial do Paraná. “O mercado internacional irá comprar a nossa soja sabendo que ela não é geneticamente modificada, pagando mais por ela”, revelou, destacando que organismos modificados como vacinas, por exemplo, não são proibidos, apenas gêneros alimentícios transgênicos.

Cheida destacou que além das diretrizes para um programa nacional de meio ambiente, a pré-conferência estadual servirá para a política do próprio Estado. “Fizemos vinte conferências em várias regiões nos últimos dois meses e detectamos preocupações importantes, como o destino dos resíduos sólidos e a destruição de nascentes de rios”, revelou.

Discussão

Para o coordenador-executivo da Conferência Nacional do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, a liberação do plantio de transgênicos através de medida provisória foi uma maneira de se aumentar o debate sobre o assunto. Ele destacou que existem várias empresas e universidades que pesquisam sobre o tema, acompanhados pelo ministério. “É a questão da biotecnologia, não só dos transgênicos. É importante se estudar e debater o assunto, já que até agora não se tem certeza do que um alimento geneticamente modificado pode ou não fazer para o homem e para o meio”, afirmou. Spengler destacou que no documento final da conferência nacional serão reproduzidos os sentimentos da sociedade em relação aos transgênicos.

Fora o Paraná, Pernambuco, Rondônia e Piauí já realizaram suas pré-conferências. “Um dos pontos que já notei que deve fazer parte das diretrizes finais é a criação de uma política nacional de apoio aos municípios na questão ambiental”, disse, lembrando que 90% dos municípios brasileiros não têm estrutura de gestão ambiental.

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