economia

Políticas equivocadas levaram inflação a permanecer acima da meta, aponta Ilan

O cumprimento da meta de inflação no País é de fácil aferição ao final do ano, e o regime permite que sejam acomodados choques tanto negativos quanto positivos, defendeu nesta sexta-feira, 12, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

Desde o ano de 1999, se avançou muito na condução da política monetária no Brasil e no mundo. Segundo ele, houve desafios no Brasil, onde políticas equivocadas como represamento de preços administrados e desorganização das contas públicas levaram a inflação nos últimos anos a permanecer acima do centro da meta, perto do limite máximo de tolerância, até alcançar dois dígitos em 2015.

“Estou chegando a um ano na frente do Banco Central. O desafio inicial foi conduzir a política monetária num ambiente de recessão econômica com inflação alta e persistente. Nessas circunstâncias, a gestão do processo de desinflação é mais difícil”, declarou Ilan, durante o discurso de encerramento do XIX Seminário Anual de Metas para a Inflação, no Rio.

O mesmo choque que levou o Brasil à atual recessão desencadeou também a alta da inflação. Com fundamentos macroeconômicos deteriorados, as expectativas de inflação permanecem altas, o que por sua vez alimenta a inflação corrente, lembrou Ilan.

“Nesse contexto, se a política monetária não for capaz de ancorar as expectativas de inflação em torno do centro da meta, a inflação permanecerá alta e desancorada”, afirmou. “O ingrediente fundamental é que as expectativas de inflação para horizontes mais distantes estejam ancoradas”, declarou.

Reforma fiscal

O presidente do Banco Central afirmou que o andamento da reforma fiscal em curso, principalmente a aprovação da PEC do teto de gastos e o encaminhamento da reforma da Previdência, “tem sido favorável e será decisivo” para o bom desempenho futuro da economia brasileira, inclusive para a sustentabilidade da desinflação recente.

“Diversas reformas e ajustes na economia brasileira aumentaram a confiança e reduziram a percepção de risco da economia brasileira”, afirmou o presidente, destacando que o prêmio de risco atribuído ao País e medido pelo Credit Default Swap (CDS), um derivativo que protege contra calotes, caiu pele metade nos últimos meses. “Isto evidencia a maior confiança dos investidores externos na capacidade de solvência do País.”

O andamento das reformas e o trabalho do Banco Central, afirmou o dirigente, tem sido efetivo em conter a inflação e ancorar as expectativas, que estavam desancoradas por conta das políticas econômicas inconsistentes adotadas no País no passado recente. “Além das expectativas de mercado, as projeções do Copom também vêm recuando, demonstrando a consistência entre as expectativas dos analistas e a dinâmica de reação das variáveis macroeconômicas.”

O presidente do BC disse que a perspectiva para a inflação deve evoluir de maneira favorável em 2017 e nos próximos anos. “Para 2017, espera-se que a inflação acumulada em 12 meses permaneça abaixo da meta de 4,5% ao longo do ano, atingindo valor mínimo no terceiro trimestre do ano e elevando-se nos últimos meses para valores ainda abaixo da meta”, afirmou ele, destacando que parte da diferença (em relação à meta) é decorrência do impacto primário do choque favorável nos preços de alimentos. “Nesse mesmo cenário, a trajetória de inflação deve atingir a meta de 4,5% em 2018.”

Ilan voltou a afirmar que a inflação para os meses de abril e maio tem impacto da revisão dos encargos relativos à usina de Angra III, mas espera-se a reversão, em maio e junho, deste impacto. O presidente afirmou, porém, que estas oscilações pontuais e atípicas não têm implicação relevante para a condução da política monetária.

Voltar ao topo