Pobreza na América Latina ficará estagnada

Os níveis de pobreza na América Latina permanecerão praticamente estagnados até 2015, enquanto a China e a Índia, com suas altas taxas de crescimento econômico, liderarão o mundo para aproximar-se das metas de desenvolvimento humano propostas pela Declaração do Milênio, assinada em 2000.

As previsões são do Banco Mundial (Bird), para quem o número absoluto de pobres ficará praticamente estável na América Latina até 2015, passando de 50 milhões em 2001 para 46 milhões em 2015. Na década de 90, o número de pessoas vivendo com menos de US$ 1 ao dia aumentou na região, de 49 milhões em 1990 para 50 milhões em 2001. O percentual da população em pobreza absoluta vem recuando de forma lenta: 11,3% em 1990 para 9,5% em 2001. O progresso lento continuará na próxima década: em 2015, o percentual cairá apenas para 7,6%, segundo as previsões do banco.

Por outro lado, a China e a Índia, com suas altas taxas de crescimento econômico, têm sido mais eficientes na redução da pobreza absoluta e lideram a melhora dos indicadores mundiais. O número absoluto de pobres na China (também com o critério de menos de US$ 1 ao dia) recuou de 377 milhões em 1990 para 212 milhões em 2001, e despencará para 41 milhões em 2015. Ou seja, a China terá em 2015 menos pobres que a América Latina. Percentualmente, o país reduziu a pobreza absoluta de 33% em 1990 para 16% em 2001. O progresso futuro é ainda mais expressivo: em 2015 apenas 3% da população chinesa viverá na pobreza.

O presidente do Banco Mundial, James Wolfehnson, diz que o problema é a excessiva concentração de renda na região. Apesar dos números ruins, Wolfehnson mantém o otimismo com o Brasil. ” Não acho que a America Latina seja incapaz de reduzir a pobreza, não desisti da America Latina (…) Mas é preciso mudar as regras” , disse referindo-se aos esforços para reduzir desigualdades entre as camadas mais ricas e mais pobres da população. Wolfehnson acredita que o sucesso das políticas sociais de Lula será importante para toda região, e lembrou que uma mudança na distribuição de renda não ocorrerá “do dia para a noite”.

Especificamente sobre o governo brasileiro, Wolfehnson disse que 100 dias ou um ano não são suficientes para essa “revolução”. “Eu muitas vezes pareço estar na folha de pagamento do presidente, Lula, quero deixar claro que não estou”, chegou a brincar sobre o fato de sempre elogiar o presidente. O relatório do Bird que acompanha os indicadores sociais mundiais afirma que, “no atual ritmo, a maior parte dos países em desenvolvimento não atingirá as metas sociais do Milênio em 2015”.

Wolfehnson critica os US$ 900 bilhões gastos anualmente em defesa e os US$ 350 bilhões em subsídios agrícolas, comparados com os parcos US$ 50 bilhões para ajuda ao desenvolvimento. O presidente do Bird afirma que não adiantará investir tanto em segurança contra o terrorismo se não houver esperança para cidadãos do Terceiro Mundo.

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