Planejamento financeiro é indispensável

Economizar na hora de comprar o lanche no colégio e deixar de gastar dinheiro com revistas e objetos comum nos desejos da maioria das crianças foi o que bastou para Rafael Lange, de 10 anos, poder comprar o próprio computador.

Rafael faz parte de uma das poucas famílias das quais as crianças também participam do planejamento financeiro doméstico durante o ano. Para educadores, isso pode fazer diferença na vida financeira adulta dos pequenos.

Para o consultor e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos, que também é autor do livro O menino do dinheiro (Editora Gente), é importante que as crianças participem do planejamento financeiro dos pais.

“A criança não pode ficar isenta ou omissa diante do orçamento da família, pois ela também tem custos”, afirma o consultor. Para ele, a participação da criança no planejamento da família pode ajudar a criança a entender de que ela não precisa dos produtos que estariam fora do alcance financeiro da família.

“Quando a criança está por dentro do orçamento da família, é mais fácil argumentar e fazer com que ela entenda porque o pai não pode comprar aquela bicicleta incrementada que ela queria no Natal”, explica.

Para Domingos, os pais devem orientar a criança de uma forma lúdica, sem análises drásticas, que possam gerar uma preocupação na criança. “Não queremos que a criança não consuma ou não brinque. A idéia é fazer com que ela saiba que a realização de um sonho tem um dispêndio.”

Domingos destaca que cada vez mais cedo os jovens são obrigados a lidar com o dinheiro. Por isso ele é a favor do estabelecimento de uma “mesada”. O consultor aconselha que a criança comece a ganhar mesada a partir dos seis ou sete anos. Domingos conta que não existe um valor médio ideal já definido. Para ele, é importante que a mesada se encaixe na realidade financeira da família.

“O objetivo da mesada é fazer com que a criança se conscientize do que o dinheiro pode proporcionar. Que ela entenda que o dinheiro é o meio e não o fim e que através do planejamento ela pode realizar pequenos e grandes sonhos”, afirma Domingos.

Segundo o consultor, fundamental que a criança dê o verdadeiro valor ao dinheiro. “Todos deveriam ter como princípio trabalhar por prazer e não pelo dinheiro. Se a criança fizer isso, difícilmente vai ser uma pessoa endividada. Pelo contrário, ela vai encontrar sua independência financeira.”

Previdência

Há cinco anos, o arquiteto Ricardo Lange fez um plano de previdência para cada um dos dois filhos. Pensando no futuro das crianças, hoje ele paga cerca de R$ 150 para o plano dos pimpolhos de 10 e oito anos.

Segundo Lange, a medida pode proporcionar uma segurança financeira para os filhos, já que o valor que eles pagariam por uma aposentadoria a partir dos 30 anos deveria, teoricamente, ser bem maior.

Além da previdência, Lange ainda compra anualmente títulos públicos. Valor que, segundo ele, mais tarde pode ser convertido em recursos para subsidiar os estudos dos filhos.

Mesada, Lange prefere não dar. Ele prefere compensar os filhos pelos bons resultados nos estudos, ou pela ajuda prestada nos afazeres domésticos. Segundo o arquiteto, a falta da mesada, entretanto, não impediu que os filhos aprendessem a administrar o dinheiro. “Foi poupando dinheiro que o Rafael (o filho mais velho) comprou o computador dele”, comenta.

“Eles já sabem que é preciso poupar para conquistar as coisas. Eu e minha esposa não damos nada de ‘mão beijada’. Nossa idéia é não cometer os mesmos erros dos nossos pais e avós, que não por má vontade não nos passaram os princípios da boa administração”, conta.

Lange afirma que busca orientações de várias fontes para os filhos. “Encontramos bons conceitos no livro Pai rico, pai pobre (Editora Campus), o qual fizemos questão que eles (os filhos) lessem.