Petróleo alcança a maior cotação da história

O barril de petróleo do tipo cru leve para junho teve ontem um novo recorde de fechamento em Nova York, ao encerrar os negócios vendido a US$ 41,55, com alta de US$ 0,17. Durante a jornada, chegou a bater na casa dos US$ 41,85. Esta foi a cotação nominal mais alta da história, desde que o cru começou a ser negociado na Bolsa Mercantil de Nova York, em 1983. O valor nominal não considera a inflação do período.

O mercado, que já vem temendo problemas no abastecimento com o alto consumo nos EUA e na China, reagiu mal à morte do chefe do Conselho de Governo Iraquiano, Abdul Zahra Othman Mohammad, conhecido como Izzedin Salim. Ele morreu ontem em um atentado com um carro-bomba, em Bagdá.

Os preços do óleo não têm reagido às declarações da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que já sinalizaram um aumento da meta de produção em uma reunião informal, marcada para 21 de maio, em Amsterdã. Será discutido um possível aumento de 1,5 milhão de barris.

Entretanto, analistas dizem que a Opep precisaria colocar mais óleo no mercado e não apenas aumentar suas metas de produção. Isto porque, na realidade, já produz mais do que esse excedente. Um mero aumento de meta, portanto, geraria resultados irrelevantes, dizem os estrategistas de mercado.

Bolsa e dólar sentem tensão

A semana começou tensa no mercado de câmbio com uma alta de 1,06% do dólar, que encerrou vendido a R$ 3,125, refletindo o clima de insegurança mundial, após o assassinato de um líder iraquiano, explosões de bombas em bancos na Turquia e ameaças de sabotagem em refinarias no Oriente Médio. A Bovespa começou a segunda quinzena do mês em clima de pessimismo, caiu mais de 2% e teve o pregão mais fraco do mês. O vencimento de contratos de opções foi o pior desde a crise cambial de janeiro de 99. Após esboçar uma recuperação no final da semana passada com duas altas consecutivas, o principal índice da bolsa paulista fechou em queda de 2,63%, aos 18.122 pontos, depois de ter afundado 3,42%, na mínima dos 17.973 pontos.

Há o medo de que um novo choque do petróleo provoque inflação e prejudique o crescimento da economia global. Ontem o barril bateu um novo recorde (US$ 41,55). Na máxima do dia, a moeda norte-americana chegou a ser negociada a R$ 3,136 (+1,42%), mas reduziu o ritmo com o anúncio de captações externas pelo Unibanco e Banco do Brasil.

Credores de uma dívida cambial de US$ 2,065 bilhões também ajudaram a pressionar as cotações do dólar visando receber mais reais pelos títulos a ser resgatados na próxima quarta. É a Ptax (média oficial do dólar) da véspera (hoje) que será usada pelo governo para definir a remuneração dos credores.

O risco-Brasil, que mede a desconfiança do investidor estrangeiro no País, chegou a bater a máxima de 736 pontos (+4,54%). Mesmo com custos maiores para a tomada de empréstimos, o Unibanco concluiu ontem uma captação de US$ 200 milhões, com emissão de notas de sete anos. Já o BB divulgou que pretende captar este ano no exterior de US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão.

As turbulências externas ocorrem na semana em que o mercado aguarda a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre os juros na próxima quarta. A maioria espera um novo corte simbólico de 0,25 ponto percentual. Mas hoje ganhou força a aposta na manutenção da taxa em 16% ao ano.

Nesta segunda-feira, as tensões geopolíticas também cresceram com a notícia de que a explosão de um carro-bomba matou o chefe do Conselho de Governo Iraquiano, Abdul Zahra Othman Mohammad, conhecido como Izzedin Salim. Em Bagdá, o Exército americano anunciou a descoberta de um projétil de artilharia que continha gás sarin no Iraque

Anteontem, horas antes de uma visita do premiê britânico, Tony Blair, à Turquia, quatro bombas pequenas explodiram em frente a agências do banco britânico HSBC na Turquia (Ancara e Istambul). Os atentados terroristas aumentaram as preocupações em relação ao risco de sabotagem de instalações petrolíferas no Oriente Médio.

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