Em meio à crise causada pelas investigações sobre corrupção, que afeta a geração de lucro, a Petrobras alterou a política de salários da sua diretoria, que, neste ano, passa a depender menos do sucesso da empresa. A participação no resultado perdeu peso nos ganhos totais, ao mesmo tempo que cresceram os ganhos fixos – com salário, benefícios e encargos sociais.

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Minguou de R$ 2,4 milhões para R$ 736,5 mil a remuneração atrelada ao crescimento da petroleira, do ano passado para este, uma queda de 70%. Esse valor é a soma do recebido por todos os diretores – de 2014 para 2015, a diretoria passou a contar com mais um executivo, o diretor de Governança Corporativa, João Elek. Os ganhos fixos de cada um dos diretores cresceram 26%, principalmente, os benefícios, que mais do que dobraram.

Apenas em salário, cada um dos diretores da nova equipe liderada por Aldemir Bendine ganha 23% mais do que os administradores da ex-presidente Graça Foster. O fixo pago a cada um dos novos diretores é de R$ 1,6 milhão no ano, em média, enquanto, no ano passado, era de R$ 1,3 milhão.

A soma dos benefícios diretos e indiretos de todos os diretores passou de R$ 550 mil para R$ 1,17 milhão. O orçamento de Previdência Social e Fundo de Garantia incidentes sobre a remuneração fixa passou de R$ 2,6 milhões para R$ 3,7 milhões, 42% mais.

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As mudanças na remuneração foram mais de perfil do que de valor. A soma do pagamentos (salários e outros ganhos) subiu 8,09% de 2014 para 2015, em linha com a inflação, segundo informou a Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa.

Os detalhes sobre a política de remuneração dos principais gestores da Petrobras estão no manual da assembleia geral extraordinária (AGE) de acionistas que acontecerá no próximo dia 29. O item “fixação da remuneração dos administradores e dos membros titulares do conselho fiscal” é o principal da pauta de votação. No mesmo dia, serão definidos também os novos conselheiros da empresa, mas em assembleia geral ordinária (AGO).

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Os dados, incluídos no manual, foram divulgados aos investidores em 26 de março, cerca de um mês antes das assembleias. Na última terça-feira, porém, o documento foi substituído por uma nova versão, com pequenas alterações relativas à remuneração da diretoria.

A Petrobras informou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a substituição ocorreu a pedido da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), reguladora do mercado, e que “não houve alteração dos valores informados anteriormente, os quais foram aprovados previamente pelo conselho de administração da Petrobras”.

O manual de 46 páginas trouxe apenas algumas mudanças de termos. Um número, no entanto, foi incluído, relativo à participação da diretoria nos resultados. Na primeira versão, não havia previsão de compensação por metas operacionais atingidas. Ao divulgar a nova versão do manual, a Petrobras informou que a remuneração extra será a mesma da participação no resultado, R$ 736,56 mil, ou R$ 92 mil para cada diretor, em média.