O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, reconheceu, na manhã desta sexta-feira, 31, que os valores desviados pela corrupção podem superar os R$ 6 bilhões registrados em seu balanço financeiro de 2014. Segundo ele, a companhia tentará reaver “integralmente” os valores. O executivo apresentou novas medidas de controle interno e reforçou que faz avaliações periódicas dos valores de seus ativos.

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Bendine reconheceu que os valores referentes à corrupção podem crescer, mas indicou que, caso haja comprovação de mais perdas, elas devem ser consideradas dentro do montante total de R$ 50,8 bilhões baixados do balanço de 2014. Nesse balanço, a Petrobras reconheceu a perda de R$ 6,194 bilhões por causa de gastos relacionados à corrupção, feitos de 2004 a 2012, e R$ 44,636 bilhões foram registrados como perdas após revisão no valor dos ativos, devido à má gestão e mudanças nas condições de mercado. Somadas, as perdas contribuíram para o prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014, o primeiro resultado negativo anual desde 1991.

“Não foram só R$ 6 bilhões. Os testes de imparidade incluíram sobrepreço e más práticas que somaram mais de R$ 50 bilhões”, afirmou, em referência ao balanço. Ele indicou que as empreiteiras envolvidas no esquema poderão ser recontratadas, desde que estejam adequadas às normas de governança. “Empreiteiras serão submetidas à nova política de conformidade como qualquer um dos 13 mil fornecedores”, indicou.

“Não podemos deixar de aprender em momentos de crise. Corrupção é prática individual, o que cabe às empresas é criar um mecanismo que impeça que a má-fé de um único indivíduo possa causar danos à sua reputação. Buscaremos sem descanso a reparação integral dos recursos”, afirmou o executivo. “Estamos recebendo de volta recursos que pertencem aos nossos acionistas e a toda sociedade”, completou.

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Braskem

Bendine não reconheceu as perdas de R$ 6 bilhões em contratos com a petroquímica Braskem, do grupo Odebrecht, para fornecimento de nafta. Segundo ele, foram identificados “equívocos” no contrato, mas ainda não há nenhuma confirmação de valores.

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Na apresentação de novas medidas de governança, o executivo indicou que as ações são uma “resposta à manobras feitas por quem participou de crimes contra a Petrobras”. “Reduzimos de fato a capacidade individual de tomar decisões de nossos indivíduos. Estamos assegurando que todos os mecanismos internos de denuncia, apuração e investigação sejam independentes e protegidos de qualquer tipo de ingerência”, salientou.

O executivo citou como exemplo a redução de sua própria alçada de decisões dentro da companhia, uma medida que teria tomado logo que assumiu a presidência da empresa, em fevereiro, em substituição à Graça Foster. “Esse é um exercício que toda companhia deve implantar. Decisões colegiadas são mais transparentes”, afirmou.