Petrobras admite defasagem de preço

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, reconheceu ontem que há uma defasagem entre os preços dos combustíveis no Brasil e os nos Estados Unidos, mercado que baliza as cotações internacionais dos derivados de petróleo. O executivo destacou, porém, que a companhia não vai alterar sua política de reajustes. Ela prevê o acompanhamento no longo prazo das cotações internacionais, sem o repasse de ?pressões pontuais?.

Segundo dados da empresa, o preço médio dos derivados no Brasil durante o segundo trimestre ficou em US$ 70,7 por barril, enquanto nos Estados Unidos, o valor de venda dos mesmos produtos chegou a US$ 80, em média, uma diferença de 11,6%. A conta inclui o preço médio de todos os produtos vendidos pela companhia, como gasolina, diesel, gás de cozinha, querosene de aviação, óleo combustível e nafta, entre outros.

A comparação com os números do início do ano dá uma idéia de como a situação avançou nos últimos meses: no primeiro trimestre, o preço da cesta de produtos da Petrobras era de US$ 70,2 por barril, apenas US$ 0,80 abaixo de sua equivalente americana. O aumento da diferença reflete, segundo analistas, a manutenção dos preços da gasolina e do diesel, que representam cerca de 40% das vendas da estatal.

A defasagem dos preços foi uma das maiores críticas dos investidores com relação ao balanço do semestre, quando a empresa lucrou R$ 13,7 bilhões. Para a Merril Lynch, foi a principal causa da redução de 20% no lucro da área de abastecimento da companhia, que comprou petróleo mais caro sem repassar integralmente o aumento de custos ao produto final.

Na apresentação de ontem, Barbassa informou que o aumento de custos, que inclui importações e compra de petróleo mais caro teve um efeito negativo de R$ 748 milhões no resultado do segmento, enquanto os reajustes promovidos em alguns derivados contribuíram positivamente com apenas R$ 441 milhões. A área de abastecimento fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 2,486 bilhões.

De acordo com cálculos de bancos de investimento, a diferença nos preços da gasolina e do diesel pode chegar a 20%, o que justificaria um reajuste imediato. ?A Petrobras está deixando de capturar todo o momento positivo do mercado internacional?, afirmou o analista de petróleo da corretora Ágora Sênior, Luiz Otávio Broad, que acredita em aumentos no fim do ano. O último reajuste nos preços da gasolina e do diesel foi em setembro de 2005.

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