VISANDO A COPA DE 2014

Pequenas vinícolas investem para aprimorar enoturismo na RMC

As diversas pequenas vinícolas que se concentram em cidades da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) estão investindo em aprimorar o vinho produzido nesses estabelecimentos para atrair mais turistas. Dentro desse projeto está o conceito de enoturismo, pelo qual se espera levar mais turistas até essas localidades, próximas da capital e que, com ambientes familiares e aconchegantes, além da oferta de vinhos, pode-se desfrutar de uma variedade de geleias, queijos e frios.

Para isso, um treinamento oferecido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Paraná (Sebrae-PR) está sendo feito na região, depois de um diagnóstico elaborado sobre as necessidades dos produtores, viabilidade do negócio e sobre como ministrar boas práticas de negócio. A melhora de atendimento, de recepção e do próprio vinho é voltada, principalmente, para que os produtores estejam preparados a receber uma maior quantidade de pessoas, por exemplo, durante a Copa do Mundo de 2014, que pode atrair consumidores que desconhecem essa produção local.

Arquivo/O Estado
Maria Isabel Rosa Guimarães, do Sebrae-PR: “O mercado do vinho é imenso”, destaca.

“Nossa produção é expressiva, mas pode ficar muito melhor. Claro que não se compara ainda ao que tem em Campo Largo, que possui a maior vinícola do País”, afirma a gestora do projeto de hortifrutigranjeiros da RMC no Sebrae-PR, Maria Isabel Rosa Guimarães.

A produção dessas vinícolas é voltada às famílias que geralmente fazem um passeio de fim de semana, sem competição com os vinhos vendidos em supermercados. Com esse perfil, a intenção também é investir em espaços dedicados às crianças, que muitas vezes acompanham os pais a esses passeios.

O Sebrae já ajudou o trabalho de 37 empresas da RMC, que hoje já conta com uma cooperativa, a Cooperuva, instalada em Colombo e que tem a participação de produtores de cidades vizinhas como São José dos Pinhais e Campina Grande do Sul. Formas de elaboração do vinho podem ser aprendidas na Escola do Vinho, com sede também em Colombo. “Essas vinícolas pequenas, dentro do processo da agroindústria familiar, vendem bem o seu produto. O mercado do vinho é imenso. Segundo pesquisas, Curitiba é a cidade que mais consome vinho no Brasil”, avalia Maria Isabel.

Potencial

Esse potencial das vinícolas brasileiras atrelado ao turismo foi alvo de levantamento feito em oito estados pelo Sebrae Nacional, em parceria com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). O resultado do Diagnóstico do Enoturismo Brasileiro 2010 apontou oportunidades de novos negócios para os proprietários, com exploração turística dos vinhedos.

A partir de uma pesquisa qualitativa baseada em percepções, o diagnóstico identificou características do enoturismo, bem como forças e ameaças que devem ser observadas pelos produtores que planejam investir no segmento. No Paraná, a pesquisa foi realizada em Colombo, São José dos Pinhais e Piraquara, na RMC; Bituruna (Centro-sul); Maringá e Marialva (Noroeste); e no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, zonas identificadas como de interesse enoturístico.

Foco na classe C 

Na avaliação da enóloga Maria Amélia Duarte Flores, o crescimento do poder aquisitivo da classe C se caracteriza como uma oportunidade para o desenvolvimento do enoturismo. “Eles viajam com a família em seu próprio carro e, a cada dia, a classe C está mais informada e cobra qualidade na bebida e boa apresentação do produto”, avalia a enóloga Maria Amélia Duarte Flores, uma das responsáveis pela condução do estudo.

Expectativas dos produtores

O produtor e enólogo Claudinei Bertoletti, de Bituruna, conta que os vinhedos da família sempre foram abertos para quem quisesse conhecer a produção do vinho e que o investimento no desenvolvimento do enoturismo vai potencializar a geração de novos negócios. “É o turista que divulga o teu produto”, percebe ele.

Para a presidente da Associação Caminho do Vinho Colônia Mergulhão (Acavim), Rosana Juliatto Pissaia, entidade que atua para promover o destino Caminho do Vinho, em São José dos Pinhais, muitas propriedades ainda atuam na informalidade. Mas já se pode notar uma mudança nessa percepção. “Na minha propriedade, minha filha está se formando como enóloga para assinar a produção dos nossos vinhos e eu fui fazer curso de guia de turismo”, conta Rosana.