Pastore espera ata do Copom

São Paulo

(AE) – Ao avaliar o corte dos juros anunciado anteontem pelo Copom, o economista Affonso Celso Pastore reconheceu se tratar de uma decisão controversa, “inclusive entre os próprios diretores do BC”, que aparentemente foi tomada em cima de uma hipótese que pode vir ou não a se materializar. “Se a hipótese está certa, a decisão está certa, e vice-versa. Eu só vou concordar ou discordar se essa hipótese está certa quando eu ler a ata da reunião”, afirmou o economista. “Não estranho que várias críticas no mercado tenham sido feitas em relação à redução, assim como o fizeram mesmo alguns diretores do BC”, completou.

De qualquer forma, Pastore não acredita que a redução da Selic possa ter algum impacto significativo sobre o nível de atividade econômica. E o motivo é simples: num cenário de percepção de risco elevado, as taxas futuras de juros no mercado continuarão elevadas e são essas taxas que guardam relação estreita com a atividade. “Mesmo com o corte, que talvez possa ter algum efeito positivo temporário sobre os juros futuros, os spreads entre a Selic e as taxas de mercado continuarão elevados por causa da percepção de risco”, explicou.

Pastore considerou ainda muito remota a possibilidade de um acordo de transição envolvendo os principais candidatos à Presidência e o Fundo Monetário Internacional (FMI). “Para um acordo desses, tem de haver compromissos. E acho a possibilidade de se ter compromissos dos candidatos extremamente baixa”, afirmou Pastore, destacando os comentários pós conversa com Fraga do presidente do PSDB, José Aníbal, indicando a possibilidade de um acordo somente depois das eleições e as negativas de Ciro Gomes sobre o acordo. “Especialmente porque ele encarnou a roupa da mudança que o eleitorado tem mostrado que deseja tanto. Assinar um acordo como esse seria assinar a manutenção do ?status quo? da atual política”, disse o economista. “Não diria que a probabilidade disso acontecer é zero, mas é muito baixa, apesar de louvar o esforço que o Armínio vem fazendo”, completou.

Volatilidade

Por todos os motivos expostos anteriormente, Pastore acredita que o Brasil terá um cenário de continuação da atual volatilidade daqui até o final do ano, em dose maior ou menor, dependendo dos riscos políticos internos e dos riscos econômicos externos, temperados com fraco nível de atividade econômica, inflação superando o teto da meta e pressão sobre a taxa de câmbio.

Ele avalia que caso o Banco Central tenha sucesso no trabalho de acalmar o mercado, o câmbio deverá oscilar entre uma faixa de R$ 2,80, R$ 2,85. Ressaltando que ainda são necessários mais um ou dois meses para trazer precisão à análise, Pastore estimou ainda que o crescimento do PIB este ano deve ficar abaixo dos 2%.

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