Parcela do FMI segura juros

São Paulo

  – A liberação pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) de uma nova parcela de US$ 4,6 bilhões, dos US$ 30 bilhões acertados no segundo semestre do ano passado, vai evitar que a principal taxa de juros do País, a Selic, suba mais. A avaliação é do presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Antônio Corrêa de Lacerda. Desde o início de janeiro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, os juros subiram de 25% para 26,5%. A liberação deve ser em março.

“O Brasil não terá dificuldades para receber o restante das parcelas do Fundo, pois está cumprindo à risca todas as suas metas”, disse Lacerda. De acordo com ele, o governo tem conseguido, nesses primeiros meses, superávit primário recorde, somado a expectativas muito favoráveis para obter um saldo de balança comercial bem maior do que o do ano passado. Por isso, acrescentou o executivo, “não devemos ter problemas para receber recursos novos”.

Qual o aspecto positivo e prático desses recursos ainda este mês? “Serão um reforço para as reservas internacionais e, além disso, vão servir para cobrir as necessidades de financiamento deste ano”, disse Lacerda. Até sexta-feira, as reservas internacionais pelo conceito de liquidez estavam pouco acima de US$ 38 bilhões. Já as necessidades financeiras deste ano, ou parte da dívida externa a vencer, somam US$ 28 bilhões.

“A essa cifra precisará ser somado o déficit em conta corrente deste ano, que deverá ficar entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões, bem abaixo dos US$ 7,7 bilhões do ano passado”, explicou o presidente da Sobeet. “Os novos recursos do Fundo são um aval, uma garantia, para os credores.” Para Lacerda, o anúncio feito na terça-feira pelo FMI é mais uma notícia positiva para o mercado financeiro e mais um fator positivo que se soma aos outros já mostrados pelo Brasil.

A Sobeet estima que os investimentos estrangeiros diretos (IED, sigla em inglês) este ano cheguem a US$ 15 bilhões. No ano passado foram US$ 16,6 bilhões, mas o déficit nas contas externas deve cair para US$ 5,7 bilhões, bem inferior aos US$ 23 bilhões registrados em 2001. Lacerda acredita que, embora as condições sejam ainda de baixo crescimento econômico, o déficit em conta corrente tende a zero. “Isso não significa que o Brasil virá a prescindir de capital externo. Ainda estamos longe da sustentabilidade, longe de solucionar a nossa agenda externa”, afirmou.

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