Paraná tem projeto para seqüestro de carbono

O Paraná pode ser um dos estados que mais benefícios pode obter de um novo e promissor mercado que está se formando no mundo – o Carbon Trade, ou seja, o direito de uma nação desenvolvida de continuar a emitir poluentes em troca de investimentos em energia limpa em outros locais do planeta, principalmente no Terceiro Mundo. Conhecido com o nome de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, ou MDL, este sistema foi criado em 1997 pelo Protocolo de Kyoto e está em vias de implantação. Calcula-se que pode movimentar perto de US$ 20 bilhões ao ano em todo mundo.

O Estado saiu na frente e já desenvolveu um projeto – piloto que pode ser adaptado a qualquer empresa ou qualquer região do País graças ao trabalho de um grupo multidisciplinar formado por membros da Câmara Americana de Comércio de Curitiba, coordenado pelo advogado paranaense Fabiano Neves, ligados ao Comitê de Meio Ambiente da entidade. Este comitê, com 12 integrantes, recebeu a delegação da Amcham-SP para aprofundar o tema, evoluiu para um “task force” específico para questões de seqüestro de carbono (CO2) e agora quer dar o próximo grande passo: implantar na região do município de Doutor Ulisses, numa área degradada de cinco alqueires, um modelo de reflorestamento que exigirá investimentos de US$ 20 milhões e que contempla tanto o seqüestro de carbono como a questão da responsabilidade social, permitindo a exploração da madeira para a indústria moveleira. Cria, portanto, novas oportunidades numa região com baixos indicadores sociais.

“Nós optamos por trabalhar com reflorestamento porque consideramos esse o meio mais eficaz para se conseguir resultados que levem a redução das emissões de carbono pelo seqüestro de CO2”, informa Fabiano Neves, que é o presidente do Comitê de Meio Ambiente da Amcham Paraná. O sócio de Fabiano no escritório o Bahr, Branchier, Neves & Mello, Heroldes Bahr Neto, também participa dos trabalhos.

O “task force” de seqüestro de carbono apresentará o resultado seu trabalho entre fevereiro e março numa reunião com todas as Câmaras de Comércio instaladas no País, num comitê intercâmaras criado para desenvolver o tema e colocar o Brasil efetivamente neste mercado. Fabiano também é o representante da Amcham neste grupo que reúne representantes das câmaras alemã, francesa, italiana, canadense e australiana, entre outras. “O objetivo é apresentar esse projeto a todas as empresas sócias destas câmaras e criar um mercado nacional do carbon trade”, explica Fabiano Neves.

O funcionamento deste mercado é baseado na atuação de empresas que necessitem liberar na atmosfera grandes quantidades de gás carbônico. Esta empresa, daqui para frente, terá de pagar para continuar com suas emissões, financiando um projeto num outro país que reduza a quantidade de CO2. Com isso, ela obtém uma espécie de crédito ambiental. Imagina-se que, no futuro, será criada uma grande bolsa de valores onde estes créditos ambientais serão negociados. Entre os projetos que garantirão a concessão dos créditos, segundo o protocolo de Kyoto, estão as produções de energia solar, de biomassa e os que removam o carbono da atmosfera este denominado de seqüestro de carbono, ou seja, o plantio de florestas que absorvem o CO2.

“O nosso projeto piloto está pronto para ser implantado. Já temos todas as medições da quantidade de CO2 que ele retira da atmosfera, números necessários para os investimentos e os parâmetros para aquisição de terras, além da implantação de uma filosofia de responsabilidade social e a sua adequação à comercialização dos certificados de redução de emissões que serão negociados em breve”, conclui Fabiano Neves.

Devido ao interesse que desperta, em dezembro passado foi realizada em Curitiba uma pré-apresentação do projeto de seqüestro de CO2 ao reitor da Wayne – Universidade de Detroit, Irving Reed. Por ser sede da indústria automobilística norte-americana, essa região já conta com empresas interessadas em começar projetos dentro do carbon trade.

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