Paraná lidera pesquisa sobre potencial do cogumelo

O Paraná é um dos Estados brasileiros com pesquisa mais avançada em macrofungos (cogumelos visíveis a olho nu). Em 20 anos de levantamento desenvolvido pela Embrapa Florestas, em Colombo, foram catalogadas 1.700 espécies no Estado, que agora precisam ser estudadas. Neste ano, as linhas de pesquisa foram ampliadas, com o objetivo de identificar variedades comestíveis e medicinais que possam ser cultivadas e comercializadas.

Desde 98, a Embrapa começou a fazer o isolamento desses fungos para montar uma coleção de culturas. “A partir dessa coleção, faremos a caracterização fisiológica, bioquímica e molecular do material, para saber quais são as suais potencialidades”, revela a biomédica Maria Ângela Amazonas, pesquisadora da Embrapa Florestas. “Sabemos que muitos cogumelos são comestíveis, outros são medicinais, outros podem ser usados em processos de bio-remediação (descontaminação do solo) e outros para uso biológico (controle de pragas)”, explica.

Apesar da diversidade de espécies, o interesse maior da pesquisa da Embrapa são os cogumelos comestíveis e medicinais, para a qual foi montada uma equipe de pesquisadores na área de química. “Normalmente os cogumelos produzidos no Brasil são espécies exóticas, da Ásia e Europa. O cogumelo-do-Sol, que é nativo daqui, tem uma produção ainda pequena e a maior parte é exportada para o Japão”, relata Maria Ângela.

Ao estudar cogumelos nativos, a Embrapa pretende oferecer ao produtor linhagens alternativas às espécies exóticas. Uma das opções mais cultivadas no País é o shiitake (Lentinula Edolis), com propriedades comestível e medicinal. No entanto, o acesso à informação sobre essa cultura é bem díficil, segundo a pesquisadora, já que a produção está concentrada em colônias japonesas.

“Estamos abrindo um campo de pesquisas que pode levar de 10 a 20 anos. Nesse período, pode aparecer uma espécie muito interessante em dois a quatro anos”, comenta Maria Ângela. A médio prazo, está nos projetos da Embrapa o cultivo e lançamento de novas espécies no mercado.

Atrás de recursos

O projeto de pesquisa dos macrofundos custará R$ 700 mil de 2002 a 2004. Por enquanto, foram aprovados recursos anuais de R$ 36 mil da própria Embrapa, suficientes apenas para o inventário, coleção de culturas e estudos básicos. Para ampliar a linha de pesquisa e realizar testes de laboratório com equipamentos de alta tecnologia, a instituição está buscando em fontes financiadoras de projetos.

Na atual fase da pesquisa, a equipe de pesquisadores de cogumelos da Embrapa foi ampliada de dois para quatorze especialistas. Para diversificar o trabalho, foram feitas parcerias com a Universidade Federal do Paraná, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Universidade Estadual de Londrina, Universidade Regional de Blumenau e Universidade Federal Rural de Pernambuco. Além do Paraná, existem trabalhos semelhantes com macrofundos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas, porém com equipes menores, de um ou dois pesquisadores, informa Maria Ângela.

Voltar ao topo