Paraná é o segundo produtor nacional de mel

Após enfrentar uma quebra de produção em 2008, o setor de apicultura no Paraná voltou a crescer em 2009. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fornecidos pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), mostram que o Paraná ocupa a segunda colocação na produção de mel, com 4.635 toneladas (dados de 2008). O Rio Grande do Sul é o principal produtor nacional, com 7.418 t. Em terceiro vem o Piauí (4.144 t), em quarto o Ceará (4.073 t), em quinto Santa Catarina (3.706 t) e em sexto Minas Gerais (2.862 t). A exportação de mel, em 2008, teve volume de 18.271 toneladas, receita cambial de US$ 43,571 milhões e preço médio de US$ 2,38/kg, reafirmou o Paraná como o 5º maior exportador nacional.

O presidente da Associação Paranaense de Apicultores (APA), Sebastião Ramos Gonzaga, está otimista com a produção de mel da safra 2009. “Estou certo de que o setor irá colher muito mais do que no ano anterior. Em 2008, sofremos muito com problemas como o clima, excesso de chuvas, que deixa as flores sem o néctar, entre outros. O que nos salvou foram os estoques reguladores. Acredito que esse ano deveremos ter um aumento entre 50% a 70% na produção, pois tivemos poucos problemas de oscilações climáticas”, diz. Segundo Gonzaga, a APA presta diversos serviços para o pequeno e médio apicultor. “Nós damos orientação, preparamos o mel, vendemos equipamentos, assistência técnica, criação da abelha-rainha, etc.”, revela

O mercado para quem trabalha com apicultura e meliponicultura (criação de abelhas sem o ferrão) está bom e em franca expansão, segundo o presidente da APA. “O mercado está crescendo em torno de 20%. Pelo fato de ser um produto nobre e ter uma média de consumo relativamente boa, está valendo a pena investir na apicultura e meliponicultura”, afirma. Gonzaga fala ainda que a atividade tem uma outra importância além de econômica: a de ajudar o meio ambiente. “As abelhas ajudam na polinização das flores. Elas desempenham um importante papel na natureza. Albert Einstein já dizia que o dia em que as abelhas desaparecerem da Terra, o mundo entrará em colapso em quatro anos”, avalia.

O médico veterinário da Seab, Roberto Carlos de Andrade e Silva, informa que a atividade desenvolve-se em diversas regiões do Paraná. “A apicultura é praticada em diversas regiões e mesoregiões, como noroeste, centro ocidental, norte central, norte pioneiro, centro oriental, sudoeste, oeste, centro-sul, sudeste e região metropolitana de Curitiba (RMC). Quando se analisa a apicultura de cada um dos 399 municípios do Paraná, constata-se que os campeões de produção de mel (quantidade e participação), são: São João do Triunfo (245 toneladas), Cruz Machado (180 toneladas), Ortigueira (180 toneladas), Bituruna (120 toneladas), Prudentópolis (120 toneladas) e Toledo (96,5 toneladas). O mel paranaense é exportado por empresas paranaenses e também adquirido por empresários apícolas de outros estados da federação, como São Paulo e Minas Gerais”, revela. Andrade e Silva diz ainda que não existe um programa estruturado visando desenvolver a apicultura, porém existem outras ações. “O governo do Paraná realiza diversos trabalhos para ajudar o apicultor. Temos defesa agropecuária – sanidade apícola, exames de qualidade do produto, assistência técnica e extensão rural, informação sobre mercado apícola, qualidade e certificação e recursos financeiros para projetos apícolas. Existe também o apoio de projetos apícolas por parte do Sebrae e algumas universidades, que auxiliam em pesquisa, ensino e extensão em apicultura, como a Unicentro, Unioeste, Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Mandirituba aposta na meliponicultura

O município de Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba (RMC), que já produz uma quantidade bastante significativa de mel de abelhas com ferrão, está apostando agora na produção de abelhas sem ferrão. Conhecida como meliponicultura, a atividade, que ainda está em seu início, vem empolgando os produtores locais.

De acordo com o secretário de Agricultura do município, Marcos Antônio Balla Costa, até o momento, são 20 produtores, mas ele acredita que a tendência é de que a atividade atraia mais gente. “Embora produza bem menos que uma colmeia normal, o preço obtido pelo quilo do mel das abelhas sem ferrão é bem superior ao da comum. Enquanto o preço do quilo do mel de abelhas com ferrão gira em torno de R$ 6, o outro pode chegar ao valor de R$ 70. Além disso, não precisa de todo aquele equipamento necessário da apicultura. Dependendo da espécie, você pode retirar o mel sem precisar de qualquer tipo de proteção. Outras exigem apenas uma proteção para o rosto. Ou seja, o investimento é menor”, informa.

O secretário conta ainda que o mel das abelhas sem ferrão tem um sabor superior ao do mel comum. “Ele tem um valor maior e um sabor melhor. Alguns ainda dizem que ele tem propriedades medicinais. Temos um projeto aqui para a instalação de uma unidade de beneficiamento desse mel para 2010. Se der certo, a produção vai aumentar consideravelmente” diz Costa.

Projeto visa à melhoria genética das abelhas rainhas

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) está desenvolvendo um trabalho de melhoria genética das abelhas rainhas para aumentar a produção e a renda dos apicultores que comercializam a geleia real. Sob orientação dos professores Maria Claudia Takasusuki, do curso de Biologia, e de Vagner Arnaut de Toledo, de Zootecnia, o projeto, que já dura cinco anos e conta ainda com a colaboração de quatro alunos de mestrado e doutorado, tem como objetivo produzir rainhas que produzam mais essa geleia.

A professora Takasusuki conta que o projeto ainda não foi testado em campo, mas os resultados apresentados no laboratório têm sido satisfatórios. “Ainda vai levar mais uns dois anos para levar o trabalho a campo. Estamos selecionando abelhas-rainhas para cruzar com apenas um zangão (na natureza, esse número chega a 17). Com isso, a gente consegue manter a qualidade genética. Acreditamos que pode gerar um aumento de 5% na produção da geleia real, além de ter melhores operárias”, revela.

Os professores irão realizar um sequenciamento de proteínas responsáveis pela produção da geleia. O trabalho inicia em março de 2010.

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