Paraná deve fechar 2002 com PIB negativo

Depois de crescer 6,2% no ano passado, o PIB do Paraná deverá fechar 2002 com variação de -0,2%, segundo projeção do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social). Para o País, a estimativa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) é de repetição da taxa de 1,4% verificada em 2001, motivada basicamente pelo incremento de 6,46% na agropecuária e 1,52% em serviços, já que a indústria registrou queda de 0,22%. No Paraná, o PIB agropecuário caiu 2,1% e o industrial recuou 1% neste ano.

As principais contribuições para o comportamento negativo do PIB paranaense foram: milho, trigo, material de transporte e material elétrico e de comunicações, explicou o coordenador do Núcleo de Economia do Ipardes, Gilmar Lourenço. Mas mesmo no cenário de desaquecimento da economia, alguns setores conseguiram desempenho positivo, caso das cadeias produtivas dos complexos soja e carnes, influenciados pela elevação das cotações internacionais e penetração em novos mercados, como a China, no caso da soja em grão, e Europa, para a indústria de frango.

Em 2001 o Paraná cresceu mais que o Brasil por ter ficado de fora do racionamento de energia, salientou Lourenço. “Com uma base de comparação elevada, o Paraná precisaria de um crescimento muito acelerado para manter o resultado positivo, mas a economia do Paraná reproduziu o comportamento ruim da economia brasileira neste ano”, comentou. “A tendência recessiva após os atentados de 11 de setembro nos EUA se acentuou com os escândalos corporativos no início do ano e foi intensificada com o forte processo especulativo sobre a economia brasileira na época das eleições, causando essa desaceleração.”

Em baixa

Na agroindústria do Paraná, o principal fator que explica a queda do PIB setorial foi o declínio de 10,9% na produção de grãos – que passou de 24,5 milhões de toneladas na safra 2000/2001 para 21,8 milhões de toneladas na safra 2001/2002. Isso se deve ao avanço da cultura da soja sobre áreas antes ocupadas pelo milho. A superfície destinada à soja cresceu 16,7% enquanto a de milho decresceu 9,4%, afetando a produção total de grãos, já que o rendimento físico médio da soja é inferior à produtividade do milho. Além disso, o milho teve quebra de 24,6% na safra, porém a elevação dos preços no mercado interno propiciou ganhos aos produtores. Já o trigo teve redução de 20,9% no volume colhido, por conta de fatores climáticos.

Na indústria de transformação do Estado, as vendas cresceram apenas 0,4% no acumulado de janeiro a outubro, abaixo da variação de 1,36% registrada no País. No ano passado, o incremento foi de 24,25%. A queda de 4,7% em material de transporte foi motivada por problemas de mercado, tanto interno quanto externo. Um dos fatores apontados pelo Ipardes para esse recuo é a perda de participação de mercado para as montadoras de outros estados. Segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a produção paranaense de autoveículos (incluindo automóveis de passageiros e veículos comerciais leves e pesados) recuou de 159.671 unidades no intervalo janeiro-outubro de 2001 para 120.276 no mesmo período deste ano.

No segmento de material elétrico, houve redução de 62%, influenciado pelo fechamento da Sid Informática, grande fabricante de equipamentos de automação, e pela instabilidade do mercado pós-privatizações, aponta o Ipardes.

Em alta

Na contramão, as vendas de alimentos tiveram alta de 7,4% nos dez primeiros meses de 2002. Na pecuária, houve crescimento nos abates inspecionados de frangos (13,2%), bovinos (14,7%) e suínos (24%), no período de janeiro a outubro. O setor de carnes foi beneficiado pela variação cambial, que elevou as exportações. “O câmbio alto atrapalhou o funcionamento da economia brasileira. Se o câmbio não tivesse disparado, a política econômica não teria sido tão restritiva no mercado interno em 2002”, assinalou Lourenço. Em relação ao emprego formal, foram criadas 86.123 novas vagas no Estado no período de janeiro a outubro, conforme dados do Ministério do Trabalho.

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