Paraná e Santa Catarina poderão, em dois anos, erradicar por completo a pobreza extrema, caracterizada pelo rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo mensal. A informação está no estudo “Dimensão, Evolução e Projeção da Miséria e da Pobreza por Região e por Estados no Brasil”, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado na evolução do combate à pobreza extrema entre 1995 e 2008.

continua após a publicidade

O Ipea aponta que até 2013, o Paraná poderá ser o primeiro estado a ter superado a condição de pobreza absoluta no Brasil. Essa pobreza caracteriza-se pelas famílias que recebem, per capita, até meio salário mínimo mensal. “Com esse estudo abrimos uma perspectiva para entender porque certos estados estão colhendo melhores resultados que os outros, conforme constatado com o Paraná e Santa Catarina na avaliação de pobreza extrema e absoluta. Agora é preciso identificar quais tecnologias estão sendo utilizadas no enfrentamento das mazelas estaduais”, avalia o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.

De acordo com o estudo, no Paraná, o Ipea identificou que a pobreza absoluta reduziu de 39,1%, em 1995, para 18,7% em 2008. Para Pochmann, no entanto, mesmo assim é preciso investir para melhorar o padrão social do país. “A redução constatada no Paraná também aconteceu em âmbito nacional. Temos atualmente a quinta maior economia do mundo. Esse estudo demonstra, porém, que devemos investir para nos transformarmos na quinta economia quando o assunto é o padrão social. Devemos ter metas para avaliarmos as políticas públicas que são aplicadas, bem como a maneira com que elas transformam a realidade”, afirma.

Com relação à situação de miséria, caracterizada pelo estudo como pobreza extrema, o Paraná conseguiu a terceira colocação em âmbito nacional, registrando índice de 5,7%, ficando atrás apenas de Santa Catarina (2,8%) e São Paulo (4,6%). Segundo o estudo, essa situação baixou de 17,6%, em 1995, para 5,7% em 2008. “A pobreza não é só realidade social. É essencial uma coordenação que articule e integre políticas públicas. Temos metas econômicas e não metas sociais. Acredito que existe, pela nossa maturidade democrática, a chance de melhorarmos esse panorama”, ressalta. Outro ponto destacado pelo estudo é a desigualdade de renda no Paraná, que baixou de 0,58 (índice Gini), em 1995, para 0,50, em 2008. “Isso demonstra que os estados são mais capazes de reduzir a pobreza do que a desigualdade social. Mesmo parecendo um índice baixo, estamos longe do padrão de desigualdade no mundo onde o índice Gini é 0,4”, avalia Pochmann.

continua após a publicidade

Brasil

O Ipea constatou também que 12,8 milhões de pessoas saíram da condição de pobreza absoluta em todo o Brasil durante os 13 anos compreendidos na pesquisa. Entre 1995 e 2008, a taxa nacional dessa categoria reduziu 33,6%, passando de 43,4% para 28,8%. Com relação à pobreza extrema, o estudo contabilizou que 12,1 milhões de brasileiros superaram essa condição, o que possibilitou reduzir em 49,8% a taxa nacional das pessoas que vivem em situação de miséria, que registrou redução de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008.

continua após a publicidade