Paraná cresce em meio à crise que toma conta do País

Dados preliminares do Ipardes apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná cresceu 3,4% em 2003. Segundo a Secretaria do Planejamento e Orçamento, é um resultado muito positivo se comparado com o da média brasileira, calculado pelo IBGE em -0,2%. “O bom resultado do Paraná derivou de influências externas e internas”, explica a secretária Eleonora Fruet. “No que se refere aos fatores externos, a elevação dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional teve efeitos relevantes no Estado em função da significativa participação do setor primário no PIB e da representatividade do agronegócio nas exportações”, relaciona Eleonora.

“Há que se destacar, ainda, a recuperação da economia mundial, ainda que em ritmo muito abaixo do desejável, refletindo os baixos juros das economias norte-americana, japonesa e européia e o dinamismo econômico de importantes países emergentes, como a China.”

Sob o aspecto interno, a secretária destaca as medidas fiscais adotadas pelo governo do Estado, mais precisamente a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para microempresas e a redução de 18% para 12% da alíquota do ICMS nas operações internas entre atacadistas e industriais, aumentando a articulação comercial entre as empresas locais.

Agropecuária

Ao se focar a análise sobre a agropecuária, a indústria, o comércio e o mercado de trabalho, o bom desempenho da economia paranaense também se confirma. No caso do setor primário, foram colhidas 30,32 milhões de toneladas de grãos na safra 2002/2003, o que representou um incremento de 35,2% em comparação à safra anterior, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.

Destacaram-se as lavouras de soja e de milho, responsáveis por 83,9% do total colhido no Estado. A soja teve um incremento de 15,1% e o milho de 46,5%. As culturas de feijão, aveia, cevada e trigo também apresentaram crescimento produtivo em função do aumento dos índices de rendimento físico.

Da mesma forma que a agricultura, a pecuária apresentou igualmente um crescimento importante em 2003. De acordo com dados do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado do Paraná (Sindicarne), na comparação com 2002, os abates inspecionados aumentaram em todos os segmentos: aves (8,4%), bovinos (11,4%) e suínos (7,6%), o que pode ser explicado pela crescente inserção do complexo carne no mercado externo.

Indústria

Em relação ao setor secundário, o crescimento da produção industrial paranaense foi de 3%, contra 0,3% da indústria nacional. Foi o terceiro melhor desempenho entre os 10 estados pesquisados pelo IBGE, ficando abaixo apenas do Espírito Santo (11,6%) e do Rio Grande do Sul (3,8%).

O bom desempenho da indústria do Paraná foi verificado em 12 gêneros, destacando-se o ramo borracha, cujo aumento foi de 23,5%. No entanto, o principal responsável pela evolução do índice geral foi o gênero mecânica, que cresceu 18,5% e tem maior representatividade no segmento da produção industrial global.

Especificamente nesse ramo, houve destaque na fabricação de bens ligados às atividades agrícolas, principalmente colheitadeiras, o que evidencia o efeito multiplicador do aumento da renda do setor primário e o êxito do Programa para a Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados (Moderfrota), gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde março de 2000.

A química também apresentou um desempenho que merece ser destacado, com expansão de 3,8%. Seu peso é o maior na estrutura da produção industrial paranaense, estabelecendo forte vínculo entre a variação do índice geral da indústria e o desempenho do segmento.

Sete gêneros industriais registraram queda na produção física em 2003, com maiores declínios para matérias plásticas (-16,2%), perfumaria, sabões e velas (-11,2%) e minerais não-metálicos (-8,2%).

O aumento da produção também representou um crescimento na taxa de ocupação na indústria de 2,3%, diante de uma taxa de -0,5% observada em nível nacional, contribuindo para a expansão do emprego industrial no Estado.

Dados do IBGE indicam que os melhores resultados foram verificados nos segmentos de refino de petróleo (39%), máquinas e equipamentos, excluindo-se elétricos e eletrônicos (12,5%), papel e gráfica (10,4%), alimentos e bebidas (9,8%) e vestuário (8,4%).

As compras de insumos pelas empresas paranaenses aumentaram 4,98% em 2003, conforme levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Enquanto em outros estados as aquisições de mercadorias de fornecedores locais recuaram 11,69%, no Paraná elas tiveram um incremento de 13,39%, o que pode ser atribuído em grande parte à redução do ICMS nas compras efetuadas no Estado.

Varejo

No que se refere ao comércio varejista, as estatísticas apontam crescimento de 0,9%, contrastando com os números registrados pelo Brasil, com queda de 3,7%, e pelos demais estados brasileiros. Das 27 unidades da federação pesquisadas pelo IBGE, apenas seis apresentaram variação positiva no volume vendido pelo varejo. O Paraná ficou em terceiro lugar, atrás de Rondônia (5,5%) e de Mato Grosso (1,5%).

A expansão dos segmentos de móveis e eletrodomésticos, e de combustíveis e lubrificantes, foi a principal responsável por esse desempenho, sendo que este último foi fortemente determinado pelos reflexos da comercialização da safra agrícola. Isso se confirma pelo incremento de 2,6% nas vendas de óleo diesel no Estado (dados da Agência Nacional do Petróleo) em contraste com o decréscimo de 2,7% verificado nacionalmente.

Comércio exterior

Em 2003, as vendas externas do Paraná somaram US$ 7,15 bilhões, resultado 25,49% superior ao contabilizado em 2002. Os complexos soja e material de transporte, responsáveis atualmente por 54,9% das vendas totais, foram os segmentos que mais contribuíram para a ampliação das exportações.

A soja teve um crescimento de 26,77% das receitas em função das exportações, refletindo as condições favoráveis do mercado internacional de commodities e o aumento da produção paranaense. As vendas externas de óleo de soja totalizaram US$ 526,7 milhões, o que representou um aumento de 55,36% em relação ao exercício anterior. Porém, a soja em grão continua como o principal produto do complexo, com exportações da ordem de US$ 1,08 bilhão, superando em 25,64% as receitas obtidas entre janeiro e dezembro de 2002.

No que se refere ao grupo material de transporte, a elevação de 14,18% das receitas cambiais pode ser atribuída ao crescimento das vendas de motores, autopeças, tratores, chassis e veículos comerciais, uma vez que as exportações de automóveis de passeio caíram 6,48%. Destaca-se ainda a expressiva ampliação das vendas externas dos complexos madeira (26,3%) e carne (37,9%).

As importações cresceram apenas 4,63%, passando de US$ 3,33 bilhões em 2002 para US$ 3,49 bilhões no ano passado. Os grupos material de transporte, máquinas e instrumentos mecânicos, e produtos químicos apresentaram queda nas importações. Já os segmentos de fertilizantes (37,8%), combustíveis (16,6%) e material elétrico (32,4%) alcançaram os melhores desempenhos.

Desemprego

Em função desse cenário, a taxa de desemprego na Região Metropolitana de Curitiba, calculada pelo Ipardes, atingiu a média de 8,9% da População Economicamente Ativa (PEA) em 2003, bem abaixo da média nacional, calculada em 12,3%.

O emprego formal também cresceu no Paraná. O índice foi de 6,5%, com a criação de 62.370 postos de trabalho, acima das 58.589 vagas geradas em 2002, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego.

É importante destacar que 85,5% (53.307 vagas) do total de empregos com carteira assinada foram gerados no interior do Estado, sinalizando a influência do agronegócio.

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