Para S&P, novo ministro da Fazenda está dando sinais importantes

O futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está dando sinais importantes na condução da política econômica do segundo mandado da presidente Dilma Rousseff, mas o mais importante é que esses sinais possam ser realizados em medidas concretas. A avaliação foi feita nesta segunda-feira, 15, pelo diretor de risco soberano da agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), Sebastian Briozzo. “Para nós, os sinais são importantes, mas, como sempre, mais importante é a realidade mesmo”, afirmou Briozzo, em palestra durante seminário promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.

O executivo ressaltou que, no passado, a equipe econômica já deu sinalizações que não foram confirmadas posteriormente em medidas. Ele deu como exemplo o recente aporte de R$ 30 bilhões do Tesouro Nacional no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), medida teoricamente contrária à sinalização de Levy.

Segundo Briozzo, maiores níveis de dívida e um comprometimento mais fraco com o ajuste fiscal poderiam levar a nota do Brasil na S&P para a perspectiva negativa, passo anterior a um rebaixamento na nota. )

A questão política envolvendo os escândalos de corrupção na Petrobras será um ponto importante na avaliação da agência de risco S&P sobre a nota soberana do País. Segundo Briozzo, o principal efeito será sobre os investimentos na economia como um todo. “Uma questão é como os problemas da Petrobras afetam seu plano de investimentos”, afirmou Briozzo. Segundo o executivo, a ampliação da taxa de investimentos na economia é o ponto mais importante para o crescimento do País.

Nota de risco do Brasil

Segundo Briozzo, o principal ponto fraco para a nota de risco do Brasil é a dívida relativamente grande do País e sua necessidade de refinanciamento, o que poderia levar a um rebaixamento do rating, que seria sinalizado antes por uma mudança de perspectiva para negativa. Atualmente, o grau de investimento do País (BBB-) tem perspectiva estável.

Além disso, o diretor da S&P apontou que o nível de investimentos do setor público é muito baixo, assim como o privado. Segundo ele, o mundo ajudou em 2002 e 2003, quando o Brasil saiu de uma pequena crise, após as eleições. “Agora o mundo não vai ajudar tanto assim”, observou.

A presidente da S&P no Brasil, Regina Nunes, lembrou que o Brasil de hoje é muito maior do que era em 2002. “O Brasil tem empresas com valor de mercado maior que o tamanho da economia de países da América Latina”, apontou Regina.

Briozzo afirmou que o Brasil tem todas as ferramentas para continuar avançando em seu rating no futuro. Entre os pontos favoráveis estão a situação pouco dependente do resto do mundo, comprometimento com políticas econômicas prudentes, peso pequeno da dívida em dólar, mercado doméstico expressivo, potencialidades em setores como petróleo e estabilidade política.

“O Brasil não é um país de crescimento alto. Nos últimos 15 anos, ficou em torno de 3%. Mas o principal fator é que é país estável, politicamente estável”, ressaltou Briozzo.

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