A saída de Roger Agnelli da presidência da Vale teria sido fechada na última sexta-feira e o governo trabalha com o nome de um dos atuais diretores da empresa para assumir o cargo. “Tudo caminha para uma solução interna. O nome não está 100% certo, mas está bem encaminhado”, informou uma fonte do governo.
Os diretores de Marketing, Vendas e Estratégia, José Carlos Martins, e de Operações de Metais Básicos, Tito Botelho, são os mais antigos na empresa. A fonte acredita que a saída de Agnelli também deve provocar uma renovação na diretoria executiva, que pode ser composta por no mínimo seis e no máximo nove membros.
O conselho de administração elege os diretores executivos por um período de dois anos. A União participa do conselho por intermédio da BNDESPar, da qual detém 62% das ações. Também atua por meio do Banco do Brasil, que é o principal acionista da Previ (fundo de pensão dos servidores do BB), que também tem assento no conselho.
Como o acordo de acionistas prevê a necessidade de 75% dos votos para eleger ou destituir o presidente, o governo negociou com o Bradesco, outro importante representante no conselho de administração, para fazer a renovação na diretoria da empresa.
Depois de várias tentativas para se manter no cargo e resistir à pressão da União sobre os demais acionistas, Agnelli jogou a toalha. Para a fonte do governo, o presidente da mineradora tomou um caminho insustentável ao tentar se segurar no cargo: “Ele transformou a renovação na Vale em uma disputa política. É só a troca de um executivo.”
A União considera legítima a sua participação na escolha do novo dirigente da mineradora. As críticas sobre a intervenção na empresa irritou integrantes do governo. “O governo tem ações da empresa por meio do BNDESPar. Ele tem direito de dar palpite”, defende a fonte.
O governo reconhece a competência de Agnelli, à frente da Vale há dez anos, mas acredita que nesse momento ele quer outro destino para a Vale diferente da opção governista. A presidente Dilma Rousseff quer que a mineradora invista na produção e exportação de aço, que agregará valor à balança comercial. Como os investimentos nos primeiros anos teriam que ser elevados, o lucro da empresa deve cair. Procurada, a assessoria da Vale não se pronunciou. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo