O diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Otaviano Canuto, comentou nesta quarta-feira, 14, que acredita ser “próxima de zero a probabilidade” de saída do ministro Joaquim Levy da Fazenda. “Ele não está fazendo um trabalho temporário. Não acredito nisso”, ponderou.

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Canuto ressaltou que é “muito difícil” o trabalho do ministro da Fazenda num contexto de economia em recessão e com necessidade de realizar ajuste fiscal. Ele destacou que, mesmo que por hipótese ocorresse uma mudança de governo com substituição de Levy, seu eventual sucessor “terá que assumir o mesmo caroço (nas contas públicas) que está aí.”

Para o diretor executivo do FMI, “no curto prazo, ou veremos deterioração fiscal ou teremos que aceitar alta da carga tributária.” Segundo ele, o ajuste das contas federais precisará de alta de impostos, pois há um quadro de piora dos resultados do setor público consolidado e retração da economia muito acima do esperado, o que afeta as receitas do governo.

“Ninguém esperava que o ponto de partida fiscal fosse tão ruim no início deste ano”, disse, referindo-se ao déficit primário de 0,6% do PIB em 2014. “Também não vi ninguém no começo do ano estimar uma recessão com queda do PIB de 3% para este ano, com uma redução da arrecadação tributária proporcional a esta queda do Produto Interno Bruto.”

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Para Canuto, a CPMF é, entre todos os tributos, o menos pior para colaborar com o governo para viabilizar o ajuste fiscal para o próximo ano. “Não me parece que há alternativa menos ruim que a CPMF”, disse.

Canuto afirmou também que não acredita que a presidente Dilma Rousseff voltará a adotar “políticas populistas” na área fiscal, que foram implementadas no primeiro mandato. Entre elas, a elevação dos gastos públicos com apoio de aumento de liberação de recursos para financiamentos de bancos oficiais. “Não vejo probabilidade elevada de volta desses experimentos no Brasil”, disse.

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De acordo com ele, há “reações explícitas da presidente Dilma Rousseff” de apoio à atual política econômica de Levy, especialmente depois do “envio desastroso de proposta do Orçamento negativo (de 2016) ao Congresso”. Tal fato foi um dos principais elementos que levaram a Standard & Poor’s a retirar o grau de investimento do País. “Mesmo na hipótese de não ocorrer impeachment, não vejo que (o governo) vá retornar às políticas populistas do primeiro mandato.”