O Brasil manterá a posição de auto-suficiência energética nas próximas décadas em quase todos os tipos de combustíveis, com a única grande exceção sendo o gás natural. As projeções fazem parte do Plano Nacional de Energia 2030, divulgado nesta terça-feira (26) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal responsável pelo planejamento de longo prazo do setor no País. Pelas projeções da EPE, a produção nacional de gás natural subirá do atual patamar de 48 milhões de metros cúbicos para cerca de 252 milhões em 2030, o que representa acréscimo de 425%.
O consumo de gás natural pulará dos atuais 57 milhões de metros cúbicos diários para 267 milhões de metros cúbicos, com expansão de 368% no intervalo de 25 anos. A importação desse insumo, porém, subirá dos atuais 25 milhões de metros cúbicos diários para cerca de 72 milhões de metros cúbicos/dia. O gás importado atualmente pelo País vem praticamente todo da Bolívia.
O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, disse que as projeções para o consumo de gás natural são apenas ‘indicativas’ e poderão não se materializar. A grande incógnita refere-se à utilização desse insumo para a geração de energia elétrica. "Se as usinas térmicas movidas a gás natural forem usadas de forma contínua (na base) o consumo poderá aumentar", ilustrou. No plano divulgado pela EPE, o gás utilizado pelas térmicas poderá oscilar entre 72 milhões a 112 milhões de metros cúbicos diários. Nessa última hipótese, o consumo total de gás natural subirá para 307 milhões de metros cúbicos diários em 2030.
Tolmasquim não quis adiantar de onde poderá vir esse gás. "Há países vizinhos que têm reservas, como a Bolívia, o Peru ou a Venezuela", disse. Além disso, há a possibilidade de importação de gás liquefeito (GNL), como a Petrobras está fazendo agora com a compra de dois navios gaseiros, com capacidade de 20 milhões de metros cúbicos/dia.
Petróleo
O Plano Nacional de Energia prevê que o Brasil manterá a auto-suficiência na produção de petróleo até 2030, com a relação reservas/produção estabilizando-se em torno dos atuais 18 anos. Na entrevista em que detalhou o planejamento, Tolmasquim acentuou que a estatal só considerou as reservas conhecidas e as que reúnem entre 50% e 95% de condições de entrarem em produção no período. "É um cenário conservador. Se forem descobertas novas reservas, esse número poderá ser alterado", observou.
A previsão da EPE é que o Brasil precisará de mais sete refinarias de petróleo no período de 25 anos. Considerando que já há duas em construção, sendo uma no Rio de Janeiro (com capacidade de 150 mil barris/dia) e outra em Pernambuco (200 mil barris/dia), a EPE visualiza outras cinco unidades nesse período com refinarias com capacidade em torno de 250 mil barris diários. O presidente da EPE enfatizou que essas refinarias ainda não estão definidas. "São apenas indicações das necessidades para atendimento às previsões no aumento do consumo", afirmou.
A EPE está prevendo que o consumo anual de óleo diesel subirá dos atuais 38,396 bilhões de litros para 107,491 bilhões em 2030 com aumento de 181%. Já o consumo de gasolina atingirá 42,190 bilhões de litros em 2020, com aumento de 138% em relação aos 17 7 bilhões de litros atuais. O menor crescimento no consumo da gasolina resulta do acréscimo na produção de etanol no período, pelas previsões da EPE. Esses dois derivados devem ampliar a participação no consumo nacional, com a redução de frações proporcionais de óleo combustível e da nafta. No caso do GLP (gás de cozinha) a previsão é que a sua gradativa substituição por gás natural poderá reduzir o volume importado.


