Para CNI, feriados influíram na atividade da indústria em novembro

Brasília – O número de feriados em dias de semana em novembro influiu para que os indicadores industriais do mês, divulgados nesta terça-feira (15) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), se mostrassem menos fortes. A avaliação é do economista Flávio Castello Branco, gerente-executivo de Política Econômica da CNI.

Além dos feriados de Dia de Finados (2 de novembro) e da Proclamação da República (15 de novembro), o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro em 286 municípios brasileiros pode ter sido uma das causas para números mais modestos em comparação a outubro. Com a adesão de cidades com parques industriais importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus, o feriado em homenagem à morte de Zumbi dos Palmares, que caiu numa terça-feira, afetou a atividade do setor.

Para Castello Branco, os feriados não devem acarretar prejuízos para o balanço da indústria para 2007: ?É uma questão pontual e não uma tendência de acomodação da atividade industrial. Na verdade, quando pegamos os últimos meses, vemos que a trajetória de crescimentos continua, e com certo vigor?.

Segundo o levantamento, as vendas reais desassonalizadas (descontadas as oscilações conforme a época do ano), cresceram 0,7% de outubro a novembro, atingindo o quinto aumento mensal consecutivo. ?Com a valorização do real diante do dólar, que prejudica as exportações, isso significa que o mercado interno tem sido o motor do crescimento industrial em 2007?, afirmou o economista da CNI Paulo Mol. Na comparação com novembro de 2006, a variação positiva foi de 6,8%.

Apesar do aumento nas vendas, o emprego industrial caiu 0,1% em relação a outubro, a primeira queda registrada em 24 meses. De acordo com a CNI, uma possível justificativa é a boa expectativa para as vendas de Natal, o que teria antecipado o pico de aquecimento da produção das indústrias para outubro. Mesmo assim, na comparação com o mesmo mês de 2006, houve crescimento de 4,2%. No acumulado de janeiro a novembro, a variação também foi positiva, de 1,9%.

A massa real de salários aumentou 4,6% em relação a novembro de 2006. Para a CNI, isso se deve mais à expansão do emprego do que ao aumento do salário real do trabalhador. Influenciado pelo crescimento da inflação, o salário médio real subiu apenas 0,3%, enquanto o emprego industrial expandiu-se 4,2%.

A capacidade instalada da indústria fechou novembro com 83,9%, ante 84,3% de outubro. Entretanto, em novembro de 2006 a utilização dessa capacidade era de 82,3%. Os setores com maior expansão do indicador foram os de veículos automotores (7,1%), borracha e plástico (5,1%) e refino de petróleo e álcool (4,7%).

Para o economista, a tendência para o primeiro trimestre de 2008 é que a indústria continue a crescer. Ele, no entanto, ressalta que alguns pontos podem interferir nos indicadores deste ano. ?O fim da CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira] deixa mais recursos no setor privado, mas o aumento de tributos sobre o setor financeiro [Imposto sobre Operações Financeiras] encarece o crédito e os preços internacionais do petróleo estão bastante elevados?, pondera Castello Branco.

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