Para Celso Amorim, crise nos EUA pode acelerar conclusão da Rodada Doha

Brasília – O ministro das relações Exteriores, Celso Amorim, voltou afirmar neste sábado (26), em Davos, na Suíça, que a turbulência financeira desencadeada pela crise do mercado imobiliário norte-americano pode impulsionar a conclusão da Rodada Doha por causa da necessidade de que os países cheguem a um acordo. O mesmo comentário havia sido feito ontem (25) durante o Fórum Econômico Mundial.

?Temos muitas janelas de oportunidade em termos de políticas?, disse Amorim. ?O mais importante é que, por causa da crise financeira, as janelas de oportunidade se transformaram em janelas de necessidade?, avaliou em entrevista coletiva neste sábado.

Amorim ponderou, ainda, que está otimista, pois as diferenças de propostas nas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) não são mais tão grandes. ?Às vezes elas são maiores em termos políticos do que econômicos?, afirmou. Segundo ele, a questão central neste momento é buscar um equilíbrio entre os textos com as propostas para o comércio de produtos agrícolas e de bens não-agrícolas (Nama).

Na avaliação de Amorim, o texto do Nama é muito simples e não abre espaço para negociação. ?Penso que é muito difícil chegar a uma nova fase de negociação que leve em conta as diferentes áreas, especialmente agricultura e Nama, se não tivermos um equilíbrio no espaço de negociação?, frisou.

De acordo com o ministro, os próximos três meses serão ?cruciais? para definir se a Rodada Doha será concluída neste ano. ?Não estou entre aqueles que pensam que, se não fecharmos agora, nunca fecharemos. Mas é claro que seria muito mais difícil e levaria muito tempo num contexto de incerteza financeira. Devemos fazer todo o possível para usar esta janela de oportunidade?, declarou.

Na manhã deste sábado (26), Amorim participou de uma reunião informal de líderes mundiais que tinha por objetivo revitalizar as negociações multilaterais de comércio. O encontro ocorreu paralelamente ao Fórum Econômico Mundial, que ocorre até amanhã (27) da cidade suíça de Davos.

Paralelamente ao fórum, Amorim teve encontros bilaterais com o comissário europeu de Comércio Exterior, Peter Mandelson, o ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, e o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), Jacques Diouf.

Na tarde deste sábado (26), estava previsto um encontro do chanceler com o ministro do Comércio da Austrália, Simon Creane, e a participação de Amorim em uma palestra sobre Ameaças ao Sistema Global de Comércio em sessão plenária do Fórum Econômico Mundial.

Ontem, também em Davos, Amorim reuniu-se com a representante de Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab; com o secretário de Assuntos Exteriores do Reino Unido, David Miliband; com o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho, Juan Somavia; e com o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy.

No ano passado, ministros de Comércio Exterior se encontraram em Davos, à margem do Fórum Econômico Mundial para impulsionar as negociações da Rodada Doha. Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou das conversas e o chanceler Amorim teve reuniões com representantes de diversos países.

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