Para 69%, política do governo limita empreendedorismo

Apesar de o Brasil ter uma das maiores taxas de empreendedorismo do mundo, o brasileiro que quer investir em negócio próprio se depara com muitas dificuldades. Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgada hoje pelo Sebrae, a principal crítica está nas políticas governamentais. No ano passado, 69% consideraram esse um fator limitante. De 16 condições para empreender no Brasil, apenas cinco foram consideradas favoráveis.

Os analistas da pesquisa afirmam que falta uma política nacional voltada para o empreendedorismo e que os incentivos governamentais são poucos. Outra reclamação constatada é em relação ao peso que a carga tributária exerce sobre atividades empreendedoras, especialmente sobre a folha de pagamento. Os entrevistados consideram que houve avanços em razão da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa e do Simples, mas dizem que depois que a empresa sai dessa condição, a possibilidade de crescimento é bastante dificultada.

Apesar da oferta de crédito no Brasil ter crescido bastante nos últimos anos, 56% dos especialistas reclamam da falta de apoio financeiro. Segundo o presidente do Sebrae, Luiz Barreto, como no Brasil 58% dos empreendedores tem um capital inicial de até R$ 10 mil, a maioria busca esses recursos em economias próprias e na família. De acordo com Eduardo Righi, diretor presidente do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), que participou da realização da pesquisa GEM, o País avançou no macrocrédito, mas precisa de uma reforma no microcrédito, para ampliar e facilitar o acesso.

“É preciso criar mecanismos de estímulo locais. Só metade das prefeitura no País regulamentou a lei federal de micro e pequenas empresas”, afirma Barreto. “É evidente que nós temos um longo caminho de desafios. A agenda tributária, por exemplo, precisa ser simplificada. Mas o governo tem sensibilidade em relação a isso”, diz o presidente do Sebrae.

Cenário internacional

De acordo com a pesquisa GEM, entre os 59 países que participaram do estudo no ano passado, o Brasil ficou na 44ª posição na avaliação das políticas governamentais (em âmbito federal, estadual e municipal), segundo a percepção dos analistas. Quando considerados os impostos, burocracia, regulamentações e tempo de abertura de empresas, o Brasil fica na última posição do ranking, atrás de países como Costa Rica, Uganda, Jamaica e Vanuatu (Oceania).

Já em educação e treinamento, o Brasil fica no penúltimo lugar, à frente apenas do Egito, quando o critério é ensino fundamental e médio. No quesito ensino superior e aperfeiçoamento, o País fica na 50ª posição. Em suporte financeiro, o Brasil tem uma colocação intermediária: 22ª.

Apesar disso, os especialistas avaliam que o País é o segundo em oportunidade empreendedora, perdendo apenas para a Zâmbia. O mercado brasileiro é considerado dinâmico e cheio de oportunidades para novos negócios, tanto no que tange ao business-to-business quanto aos bens de consumo e serviços.

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