Em entrevista ao jornal britânico ?Financial Times?, publicada ontem, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, defendeu a abertura da economia brasileira e avisou que o novo governo empreenderá ao menos um ano de austeridade na política econômica.
Segundo o FT, Palocci afirmou que, apesar da recente queda da inflação, os juros poderão permanecer em um patamar elevado por algum tempo. Atualmente, a taxa Selic de juros básicos está em 25% ao ano. “Nós não vamos apressar as coisas. Nós podemos iniciar um processo bem ordenado de recuperação”, disse.
Palocci rejeitou o uso de “mecanismos artificiais de financiamento público” para estimular o consumo na população mais pobre. “Gerando as condições corretas, as forças do mercado aumentarão o lucro e a produtividade”, defendeu o ministro.
A respeito de comércio internacional, o ministro disse que o Brasil não quer se fechar. “Nós queremos navegar os mares abertos do mercado global.” Segundo o FT, o ministro defendeu mecanismos de regulação internacionais para atrais investimentos estrangeiros.
Sobre as críticas internas no PT ao seu discurso pró-mercado, Palocci respondeu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o conhece há 20 anos. “Não há nada que eu diga que o presidente não saiba. Ele está inteiramente consciente de que o desenvolvimento e a inclusão social pressupõem estabilidade e a sustentabilidade da economia.”
Palocci, entretanto, ponderou que isso não significa que as esperanças da população de crescimento e melhora nas condições sociais não serão atendidas. “Nós estamos apenas dizendo que há um longo e difícil caminho até chegar lá”, observou. Na entrevista ao periódico britânico, Palocci enfatizou também a necessidade de o Brasil realizar as reformas da Previdência e do sistema tributário.”Sem realizar reformas eficientes estaremos presos na mesma camisa-de-força financeira dos governos anteriores”, alertou Palocci.
O Financial Times sublinhou, na reportagem, que os esforços de Palocci em dar credibilidade à política econômica do governo Lula já estão mostrando resultados, como os recentes recuos da cotação do dólar e do índice de risco Brasil.