Palocci já admite fechar novo acordo com o FMI

Brasília e São Paulo – O governo começou ontem oficialmente as negociações para um eventual novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). “A conversa está muito boa. Já tratamos da revisão e começamos a conversar sobre a possibilidade de um novo acordo”, afirmou o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, após a primeira reunião de trabalho com a missão do Fundo que chegou na segunda-feira ao País para a quinta e última revisão do acordo atual que termina em dezembro.

À tarde, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse que o governo fechará um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ??olhando para frente??. Segundo Palocci, a diferença do novo acordo com o pacote fechado no governo anterior é que desta vez os entendimentos não acontecerão diante de uma crise econômica. “Lá atrás foi feito um acordo (com o FMI) diante de uma crise econômica. E, agora, qualquer acordo será feito olhando para frente. E para frente nós vemos crescimento econômico, não crise”, declarou.

O mercado financeiro reagiu positivamente imediatamente após a confirmação do ministro do início das conversas e já dá como certa a assinatura de um acordo preventivo com o Fundo por um prazo de um ano. Foi a primeira vez que Palocci confirmou as negociações em torno do novo acordo. Ele informou que a missão do FMI vai permanecer no País por 10 dias e, ao final desse prazo, o governo vai tornar pública a decisão de fazer ou não um novo acordo.

Ainda não foi discutido o montante de recursos que o FMI poderá colocar à disposição do País num novo programa, disse o ministro. “Nós ainda estamos avaliando as nossas contas para o ano que vem. Os dados são muito bons, muito favoráveis. Não temos valor”, comentou Palocci.

Cautela

Minutos depois da confirmação do ministro, o chefe da missão, Jorge Marquez-Ruarte preferiu ser mais cauteloso. À saída do Ministério da Fazenda, Ruarte limitou-se a dizer que a missão conversou sobre a quinta e última revisão do acordo atual com o FMI. “Não começamos a negociar um novo acordo. O governo decide o seu momento de iniciar as negociações. Até agora estamos discutindo a quinta revisão”, disse ele, que reafirmou o apoio do FMI para um novo entendimento com o País: “O Fundo vai sempre apoiar o Brasil.”

Ruarte chegou a comentar que é “é muito cedo para discutir um novo acordo”. Para o chefe da missão, o Brasil não necessita de um “seguro”. “Acho que o Brasil não necessita de um seguro, o Brasil é seguro por si mesmo”, afirmou.

Em Goiânia, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse um novo acordo com o fundo seria uma “parceria para o crescimento”, mas ressaltou que ainda não há uma decisão tomada.

Crescimento

O chefe da missão do FMI elogiou o desempenho da economia brasileira, mas alertou que o País precisa fortalecer o crescimento e prosseguir com as reformas. “A economia está indo muito bem. Já vemos a recuperação. A inflação está baixando, as taxas de juros estão baixando, o real se apreciando e o risco-país está caindo a níveis que não víamos há muitos anos”, ressaltou.

Segundo ele, “a recessão econômica está terminando no País”. “Falta que o crescimento se fortaleça. Ainda tem de seguir com as reformas. O governo está trabalhando de forma muito efetiva com as reformas previdenciária e tributária. Há outras reformas em marcha, como a Lei de Falências, que são importantes”, advertiu.

Além do encontro com Palocci, a missão do FMI teve ontem reuniões no Tesouro Nacional, Receita Federal e no Departamento Econômico do Banco Central (Depec) do Banco Central. Hoje, Ruarte terá à tarde uma reunião de trabalho com o presidente do BC, Henrique Meirelles.

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