Palocci descarta pacote para enfrentar guerra

Brasília – O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, descartou a adoção de qualquer pacote especial para enfrentar as conseqüências de um conflito entre Estados Unidos e Iraque. Ele disse que, muitas vezes, as pessoas esperam algo desse tipo, mas afirmou que isso é ruim para o País, “porque você incorpora que a crise aguda é um problema permanente e no nosso entendimento conflitos como esse só podem trazer crises agudas, não vão trazer problemas permanentes para o Brasil”. O ministro deu indicações, porém, de que o governo poderá atuar controlando o preço do gás de cozinha, se eclodir a guerra no Iraque.

Palocci afirmou ainda que o governo tem de ser muito sereno e tradicional na macroeconomia, mas agressivo e ousado no comércio exterior. “E vamos ser, mesmo em situações de conflito. O Brasil já suportou no campo econômico crises maiores do que essa, utilizando instrumentos que a economia real tem para promover equilíbrios. É sempre saudável que a reação a essas medidas venha do processo econômico por ele mesmo e não por medidas e pacotes do governo. Como nós acreditamos na força econômica do País, vamos guardar de lado qualquer medida fantástica ou especial ou qualquer pacote.

Segundo Palocci, um conflito trará ansiedade aos mercados, mas será passageiro. “Não acredito que seja uma ansiedade suficiente para desorganizar o processo econômico.” Ele lembrou que a hipótese de guerra em fevereiro ou março deste ano já estava prevista nos cenários elaborados desde o ano passado.

Por isso, o ministro disse rejeitar previsões de que o dólar possa chegar a R$ 6,00, conforme foi sugerido por um jornalista na entrevista coletiva concedida ontem. Segundo Palocci, da mesma forma que a economia brasileira reagiu ao choque externo de 2002, reagirá a um eventual conflito neste ano.”Como a balança comercial respondeu no ano passado, vai responder com suas estruturas operantes neste ano a um possível choque.” Palocci disse que os problemas de um eventual conflito devem ser tratados como um remédio para uma “febre aguda” e não para tratar “um problema crônico”.

Subsídio para o gás

Antonio Palocci, descartou uma mudança na política de reajuste dos combustíveis por causa de eventual guerra dos EUA contra o Iraque. Mas admitiu a possibilidade de “acionar os mecanismos de subsídios” ao gás de cozinha (GLP) para atenuar o impacto de possível elevação dos preços para a população de baixa renda. “Não muda a política de preços, muda o sistema de apoio”, afirmou o ministro. “Se o dólar aumentar, ele não pode aumentar na cozinha da dona de casa, principalmente daquelas mais pobres.”

Mercadante prega medidas

O senador Aloysio Mercadante (PT-SP), disse que o Brasil precisa adotar medidas preventivas e manter suas reservas de petróleo para conseguir atravessar com tranquilidade o possível conflito entre os Estados Unidos e o Iraque. “O Brasil está muito longe deste conflito, nós temos uma longa tradição de paz e o impacto da possível guerra dos Estados Unidos contra o Iraque será econômico. Nós já estamos nos preparando para isso”, disse o senador.

Mercadante destacou que o Brasil é praticamente auto-suficiente em relação ao petróleo e que tem uma alternativa de combustível, o álcool, que pode ser valorizada. “Essa turbulência vai ser passageira e não tem porque nós termos uma pressão de custos maior do que já tivemos neste período anterior. O que nós teremos é alguma turbulência financeira e uma pressão no preço do petróleo”, disse o parlamentar.

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