País tem dois milhões de desocupados

Foto: Cíciro Back/O Estado

Muita gente ainda procura oportunidade de trabalho.

O lento aquecimento que vem ocorrendo no mercado de trabalho não tem sido suficiente para diminuir o enorme estoque de desempregados que persiste nas seis principais regiões metropolitanas do país. O número de vagas criadas na economia tem ficado abaixo do número de jovens que chegam anualmente ao mercado de trabalho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de desocupados (sem trabalho e procurando emprego) permanece acima de 2 milhões de pessoas.

Em setembro, atingiu 2,29 milhões nas seis regiões, que incluem São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife. ?É um número muito, muito grande?, avalia o gerente da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo. ?A taxa de desemprego cai pouco porque o estoque (de desocupados) é alto?, complementa Guilherme Maia, da Tendências Consultoria.

Diante desse quadro, os caminhos apontados por especialistas para que o governo Lula consiga, no segundo mandato, reduzir o número de desocupados são aceleração do crescimento econômico, aumento significativo da taxa de investimento e eficiência em programas para inserção de jovens no mercado de trabalho.

Desde março de 2002, quanto teve início a nova série histórica da pesquisa mensal de emprego do IBGE, o número de desocupados se mantém em patamar próximo de 2 milhões. Azeredo, Maia e Marcelo de Ávila, analista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), concordam que o número de desempregados nas seis regiões não caiu desse patamar porque não são geradas vagas suficientes para absorver o crescimento da procura por uma vaga no mercado.

Em setembro deste ano ante igual mês do ano passado, por exemplo, houve aumento de 628 mil postos de trabalho, mas ainda assim a população desocupada aumentou em 152 mil pessoas. Isso ocorreu porque a População Economicamente Ativa (PEA), que inclui ocupados e desocupados, cresceu em 780 mil pessoas no período.

A expansão da PEA tem ocorrido por motivos diversos. Em 2003, estava associada à queda no rendimento e à maior precariedade do mercado de trabalho, que tornaram necessária a busca de uma vaga por membros secundários da família, para contribuir com o minguado orçamento doméstico.

Em 2006, o crescimento responde ao aumento no rendimento médio dos trabalhadores e à maior formalidade do mercado de trabalho, que está mais atrativo e faz com que pessoas que já tinham desistido de buscar uma vaga retomem a luta.

Entre os que permanecem em busca de uma vaga, os jovens são o destaque, segundo avalia Azeredo. ?Os jovens são os que mais pressionam o mercado de trabalho. Para diminuir o estoque (de desocupados) é preciso atuar em cima dessa parcela?, disse. Ele exemplifica que, em setembro de 2006, os jovens de 15 a 24 anos eram 46,6% dos desocupados nas seis regiões, fatia que tem crescido nos últimos anos, já que em setembro de 2002 eles eram 44,9% dos desocupados.

Para Guilherme Maia, a oferta de emprego tem que ser mais forte para que a taxa de desemprego anual caia abaixo de 10%. E, para elevar a oferta, é preciso expandir, e muito, os investimentos. ?Para ter um salto no emprego é preciso maior dinâmica nos investimentos, o que aumentaria o potencial da economia e elevaria o número de vagas?, disse.

Marcelo de Ávila avalia que a manutenção de mais de 2 milhões de desocupados mostra que a taxa de desemprego ?não é natural, dá para evoluir bastante? e acredita que, para a evolução, é preciso crescimento forte da economia. ?O crescimento econômico é a melhor receita para criar mais vagas?, acredita.

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