País deve manter política econômica, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, terminou seu discurso durante reunião da direção nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) afirmando que para o Brasil se tornar a quinta ou a quarta economia do mundo, entre 2020 e 2025, como preveem analistas econômicos, será preciso manter a política econômica do governo Lula. Num tom mais político do que o habitual, mas sem citar nomes, o ministro fez uma série de comparações e disse que é incorreta a avaliação de que a política econômica do governo Lula é uma continuação do governo anterior.

Ele disse que houve uma mudança muito grande. Segundo ele, a atual política econômica tem permitido um crescimento sustentado, com geração de emprego e forte inclusão social. Ele disse que os programas sociais do governo são “programões” e não “programinhas”, como de outros governos. Mantega destacou ainda o enfoque que foi dado para o investimento. Segundo ele, o governo Lula encontrou uma infraestrutura “depauperada” e teve que fazer um programa de estímulo ao investimento, que vem crescendo ao longo dos anos, com previsão para este ano de uma expansão entre 18% e 20%.

O ministro disse que alguns críticos achavam que o governo Lula tinha sorte, mas a crise financeira internacional chegou e, segundo ele, mostrou que não se tratava de sorte. Mantega disse que havia muitos que apostavam que, com a crise, o governo seria desmoralizado e não seria capaz de conduzir o processo econômico de saída do período de turbulência. “Caíram do cavalo”, disse Mantega.

Segundo ele, a economia já voltou a patamares pré-crise e está aquecida, gerando empregos. Ele destacou que o crescimento previsto de 2 milhões de empregos em 2010 é visto com espanto lá fora, onde países enfrentam dificuldades para o aumento dos postos de trabalho. “Lá fora, abrem os olhos quando falamos da geração de empregos em 2010”, disse Mantega.

Ele disse que o Brasil ainda é uma economia com grandes desigualdades, o que é uma vergonha para o país, mas elas estão se reduzindo. O ministro também destacou os avanços na política industrial e, ao lado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, disse: “Lembra, Zé Dirceu, que quando se falava de política industrial tinha gente que ficava arrepiada. Os conservadores se arrepiavam quando falávamos de política industrial.”

Mantega disse que as estatais que sobraram, “felizmente as boas”, hoje trabalham com eficiência e dando lucro. Ele citou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e a Petrobras. Ele lembrou ainda que a Petrobras é a petrolífera com maior projeto de investimentos do mundo e hoje, ao contrário do passado, compra equipamentos, como plataforma de perfuração, com elevado índice de nacionalização, o que gera emprego na economia brasileira.

O ministro lembrou que, em dezembro de 2003, o governo exigiu que as plataformas compradas pela Petrobras tivessem índice de nacionalização de 65%. “Hoje este índice está em 75%. Não é coisa pequena. São plataformas de US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão”, disse. Ele destacou também que a indústria naval voltou ao País e com 200 navios encomendados pela estatal.

Vulnerabilidade

Durante a palestra, Mantega disse que a saída de US$ 2 bilhões do País, nos últimos dias, teria provocado no passado forte impacto na economia e que isso não ocorreu agora, devido a diminuição da vulnerabilidade externa do País e o reforço das reservas internacionais brasileiras, hoje em torno de US$ 250 bilhões.

Segundo o ministro, no passado, uma fuga de capital nesse montante teria acendido uma luz vermelha na economia. Ele lembrou que ainda há críticos da política do governo acumulação de reservas internacionais, e que quando as reservas chegaram ao patamar de US$ 100 bilhões, muitos recomendaram que a política fosse interrompida. Mantega destacou que as reservas têm custo, mas são importantes como colchão para momentos como agora, de turbulência do mercado. Segundo o ministro, assim como o Brasil saiu da crise financeira internacional de 2008, também vai passar pela crise atual dos países europeus.

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