Pacote final de Doha deve ficar para 2009

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, disse que as principais economias do mundo estão dispostas a tentar dar mais uma chance para salvar a Rodada Doha e que acredita que um acordo parcial da negociação ainda pode ser fechado neste ano. O pacote final ficaria para 2009. Depois do fracasso da negociação em julho, os principais países retomaram o debate nesta semana em Genebra e agendaram para a próxima quarta-feira o reinício do processo.

Em Genebra, os diplomatas de Brasil, Estados Unidos, China, Índia, Europa, Austrália e Japão se reuniram pela primeira vez depois do fracasso da Rodada em julho. O principal problema foi a insistência dos países emergentes importadores de alimentos de poder impor barreiras todas as vezes que julgarem que a entrada de produtos agrícolas está sendo excessiva e com o potencial de afetar diretamente os produtores locais. Na época, os americanos rejeitaram a posição adotada pela Índia, considerada como intransigente.

“Meu sentimento é de que há espaço para um novo compromisso nas próximas semanas, como foi confirmado nas reuniões técnicas nos últimos dias”, afirmou Lamy. “Alguns dos principais atores me disseram que estão dispostos a fazer mais uma tentativa”, disse. “Espero que possamos fechar um entendimento sobre as modalidades de um acordo ainda em 2008”, afirmou.

Já os mais céticos acusam os Estados Unidos de estarem apenas evitando passar para o próximo tema da agenda nas negociações, que seria a eliminação dos subsídios para o setor do algodão. Com a proximidade das eleições presidenciais, os americanos não querem perder o apoio do setor rural.

Para o embaixador Roberto Azevedo, agora tanto os americanos como os indianos aceitaram debater novas propostas. Segundo ele, cada governo agora irá levar para casa as propostas e estudá-las. “Vamos testar os números e fazer consultas. Os demais países farão o mesmo”, disse. O plano dos negociadores é de retornar a Genebra na próxima quarta-feira. Mas com as eleições nos Estados Unidos, mudanças na Comissão Européia e uma posição intransigente da Índia, poucos acreditam que a reunião gere um avanço real.