Bolso Inteligente

Paciência e pesquisa ajudam a realizar sonho da compra do ano

Menos de 30 dias separam a euforia do consumo de dezembro, embalada pelo 13.º salário, e a calmaria de janeiro, que reflete a ressaca dos gastos e as contas do início de ano. Só que é justamente nessa diferença de cenários que muitos tentam encontrar a oportunidade de comprar mais por menos tanto em queimas de estoques tradicionais, quanto na garimpagem de ofertas que podem surgir a qualquer momento.

A empregada doméstica Delfina Rodrigues, 51 anos, há alguns anos decidiu abrir mão de qualquer gasto típico de fim de ano, para ir às compras em janeiro. O resultado foi melhor do que o esperado. “Comprei à vista pia, máquina de lavar, geladeira, fogão, micro-ondas, televisão, cama e guarda-roupa. E o total da compra saiu pela metade do preço que iria pagar antes do Natal”, descreve. Um dos itens que ela lembra exatamente o preço era o micro-ondas que de R$ 399 foi arrematado por R$ 199. “Foi quase uma recompensa por desviar de todas as tentações antes do Natal e conseguir as coisas livre de parcelas”, avalia.

No caso da encarregada de panificadora Lidiane de Souza Pinto Evangelista, 29 anos, a oportunidade de adquirir o produto desejado por um preço bem abaixo do praticado foi encontrada antes deste Natal. “Meu marido e eu queríamos a TV de 50 polegadas e encontramos por R$ 1,5 mil”, conta. Mas a compra da cozinha vai ficar para janeiro. “Acompanhando com paciência os preços, de repente surge a promoção. Mas decidimos deixar a troca da cozinha para 2015 a fim de não comprometer as contas”, explica. Em relação às tradicionais liquidações de janeiro, ela explica que observa com cautela. “Não dá para sair comprando qualquer coisa, principalmente na parte de móveis, porque depois não dura e você acaba
gastando mais”.

O casal Mateus Rodrigues Ferreira do Amaral, 20 anos, e Francielle da Silva, 25 anos, diz que os planos para este fim de ano são de economizar para pagarem a festa de casamento marcada para fevereiro. Mesmo assim, os preços da Black Friday levaram os dois a comprar um calçado para o filho Pietro de 1,5 ano. “Estamos tentando economizar, mas o tênis que era R$ 80, saiu por R$ 20”, justificou Francielle.

Blindando o bolso

Antes de buscar estratégias para fazer o dinheiro render, o economista e professor da FAE Centro Universitário, Amilton Dalledone, sugere dois questionamentos elementares antes de usar o próprio dinheiro, “eu preciso comprar agora e tenho dinheiro para isso”. Outra orientação que ele lança mão para o período é fazer escolhas dentro do orçamento. “Saldar os compromissos financeiros e depois verificar quanto poderá se destinar aos presentes e compras são absolutamente necessários no planejamento”, afirma. “Feito isso, a pessoa fixa em uma lista quem será presenteado, sem cair na cilada de comprar algo além do valor que sobrou”.

Avalie os benefícios das novidades

Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – Proteste, Maria Inês Dolci, alerta para o fato de que, por vezes, as pessoas se endividam ou gastam para adquirir o modelo mais recente de um produto cujo benefício a mais não justifica. “A telefonia exemplifica bem isso, mas tem gente que paga pelo preço de ter o último lançamento que, depois de algum tempo, apresenta um valor mais justo. A pessoa tem que observar se a aquisição mais atualizada realmente fará diferença em seu dia a dia”, aponta.

Quanto a adiar as compras de fim de ano na busca por preços menores, ela explica que é um caminho duplamente arriscado. “Alguns itens como roupas entram em liquidação porque as lojas precisam mudar a coleção, mas outros como eletrodomésticos podem faltar dependendo de como se comportarem as vendas no fim do ano”, destaca.

Maria Inês diz que paciência e pesquisa com foco no produto é o que garantem ao consumidor a possibilidade de encontrar o item desejado por um preço menor. “Ofertas relâmpa,gos acontecem a todo instante e com a internet o consumidor pode acompanhar o movimento de preços”, destaca.

O diretor distrital de Operações do Walmart Brasil para o Paraná, Marcelo Pimentel, defende que do lado do varejo há outras estratégias além das liquidações pontuais, que compensam a margem em outros itens. “Em nossas lojas trabalhamos com outro modelo de negócio que é o de preços reduzidos por um período mais longo e com estoques para atender a demanda”, explica. “Prova disso é que a Black Friday que durou um fim de semana no máximo na concorrência, atraiu consumidores para as nossas lojas nos demais dias, e a nossa TV com tela de 50 polegadas vai continuar com o mesmo preço até o final do mês e com um estoque suficiente para essa procura, baseado na experiência de outras ofertas”, assegura.

Por essa razão, que ele também afirma que deixar para comprar em janeiro pode ser um risco. “Terminando esse estoque que permitiu ofertar o produto a esse preço em dezembro, encerra o ciclo e entram outros itens de consumo voltados para atender os desejos do consumidor em cada época do ano. O cliente é respeitado para viver o Natal no período certo, não em janeiro”.

Interatividade

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