Outro dia sem maiores avanços na Rodada Doha

Com os países emergentes pressionados a fazerem concessões e liberalizarem suas economias, os ministros das principais economias do mundo encerraram mais de 12 horas de negociações na madrugada desta quinta-feira (24) sem um acordo para salvar a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), sete anos depois de seu lançamento. O governo americano insistiu que, para reformar seus subsídios, exigia um preço alto: a abertura de setores inteiros da economia dos países emergentes para a importação. “Foi um encontro muito tenso. Ainda não há acordo”, afirmou um dos mediadores das negociações, Don Stephanson.

“Ainda há muita coisa a ser definida. Não temos um acordo equilibrado por enquanto”, afirmou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, o chanceler Celso Amorim, irritado. “Fizemos alguns progressos, mas não o suficiente”, disse o ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, citando alguns avanços na definição de regras agrícola. “O progresso foi pequeno”, completou a representante de Comércio dos EUA, Susan Schwab, acusando a Índia de estar bloqueando as negociações. O encontro será retomado nesta quinta.

Enquanto ministros e diplomatas entravam e saíam da sede da entidade no meio da noite, outros eram destacados para avaliar a impacto das novas ofertas nos diferentes setores da economia. China e Índia ainda mostravam resistência em abrir seus mercados para produtos agrícolas. Já Amorim não disfarçava seu mau humor e se recusou a detalhar o encontro. Um acordo ainda entre os ministros determinou que nenhuma informação sairia das salas de negociações.

A Rodada Doha foi lançada em 2001 para tentar corrigir distorções nos mercados internacionais, com a justificativa de fazer com que os países pobres se desenvolvessem. Hoje, testa a habilidade da comunidade internacional em administrar a globalização diante do surgimento de novas potências comerciais.

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