Otimismo em queda deve afetar emprego, avalia a FGV

A geração de vagas deve continuar fraca nos próximos meses, diante da percepção de que o cenário macroeconômico está menos favorável e de que 2015 será um ano de ajuste. “A deterioração das expectativas está muito forte”, afirmou nesta quarta-feira, 11, o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Para Barbosa Filho, o menor otimismo puxou o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) para baixo em maio. O índice recuou 4,5%, a variação negativa mais intensa desde julho do ano passado (-5,6%). Além disso, o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) avançou 0,8% no mês passado. A partir desses resultados, seria de se esperar uma redução na ocupação e, consequentemente, elevação na taxa de desemprego.

“A evolução da população ocupada está despencando, isso nós acertamos (a partir da análise dos indicadores da FGV). Mas já não sei mais o que falar sobre a taxa de desemprego na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), porque a população economicamente ativa (PEA) pode continuar caindo”, disse.

Segundo Barbosa Filho, a deterioração repentina nas expectativas (a partir de abril) mostra que empresários e consumidores passaram a vislumbrar com maior clareza os efeitos da desaceleração nos investimentos e na economia como um todo, bem como do ajuste esperado para o ano que vem. “Todos falam que vai desaquecer (a atividade), vai aumentar o desemprego, e o governo terá de liberar preços administrados. Talvez esteja ficando mais claro que o ano que vem será um ano mais difícil do que este”, diz o economista.

“O mais surpreendente é que demorou para as pessoas perceberem que o ano que vem não vai ser bom, e agora elas estão bem espantadas”, acrescentou.

A desaceleração no mercado de trabalho e na geração de vagas por enquanto é mais sentida nas regiões metropolitanas, especialmente nas que são abrangidas na Pesquisa Mensal de Emprego (PME). A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, mais abrangente, mostra cenário mais dinâmico nas demais regiões, mas também aponta as principais capitais com fôlego menor para o emprego.

“Em termos de mercado de trabalho, continuamos observando os mesmos sinais (na Pnad Contína). Principalmente no Sudeste, a direção é a mesma: desaceleração forte na geração de emprego, ainda com geração de emprego formal e queda do informal, o que significa pessoal saindo da força de trabalho”, explicou Barbosa Filho.

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