OCDE: emergentes sentirão retirada de estímulo nos EUA

A desaceleração da economia dos grandes países emergentes é potencializada pela mudança da política monetária nos Estados Unidos. A avaliação é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os principais países desenvolvidos. Alguns dos grandes emergentes como a Rússia, Índia, Turquia e o Brasil, que já sentiam uma desaceleração da atividade, agora também sofrem com os efeitos da turbulência gerada pela perspectiva de retirada de estímulos monetários na maior economia do mundo, diz a OCDE.

Ao apresentar a pesquisa Economic Outlook, nesta terça-feira, 19, o secretário-geral da instituição, Angel Gurría, destacou que “o motor dos grandes emergentes desacelerou”. “A China vai crescer algo em torno de 7% a 7,5%. E outros países estão ainda mais fracos. Não é surpresa que isso também influencie a economia mundial”, disse.

Em seguida, o economista-chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan, explicou que a perspectiva de retirada dos estímulos monetários nos EUA potencializa problemas de alguns emergentes. “Países com maiores déficits em conta corrente são os mais afetados. Isso se junta aos problemas já existentes de crescimento. Como resultado, muitos desses países estão avançando menos que o esperado”, disse. Para reagir à situação, o economista sugere “que medidas estruturais precisam ser tomadas para deixar esses países mais fortes”.

Apesar da avaliação cautelosa em relação aos emergentes, Gurría fez uma análise relativamente otimista do cenário de médio e longo prazo para a economia global. “A recuperação começa a aparecer, mas em uma velocidade baixa e pode haver turbulências no horizonte. Há o risco de que a retirada de estímulos nos Estados Unidos traga nova onda de instabilidade. A saída das políticas monetárias não convencionais será um desafio”, resumiu.

Durante a apresentação, o economista-chefe da OCDE comentou que a retirada dos estímulos nos EUA compõe uma “nova fonte de estresse”. “Os mercados estão extremamente sensíveis, muito mais do que a média histórica. Esse é um legado da crise financeira de 2008. Atualmente, é mais difícil para entender e manejar essa situação”, afirmou.