OCDE anuncia apoio ao plano americano contra crise

Em meio à indefinição política sobre o plano de socorro sistêmico anunciado pelo governo dos Estados Unidos em 19 e 20 de setembro, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) se manifestou oficialmente pela primeira vez, hoje, em Paris, sobre a crise que afeta o sistema financeiro americano e que desestabiliza os mercados em todo o mundo há 10 dias. Em nota à imprensa, Angel Gurría, secretário-geral da instituição que agrupa 30 países e 50% do produto interno bruto (PIB) mundial, saudou a proposta de socorro.

Para Gurría, o plano “contribui para estabilizar as economias norte-americana e mundial” e “criará condições para a necessária recapitalização das instituições do mercado financeiro”. No pronunciamento de quatro tópicos distribuído nesta manhã, Angel Gurría demonstra solidariedade irrestrita ao governo dos EUA. “Nós saudamos e apoiamos a adoção de um plano de socorro sistêmico anunciado pelo governo dos Estados Unidos, que contribuiu para o restabelecimento das operações normais dos mercados financeiros e preservou o emprego e a atividade econômica”, disse o secretário-geral.

O pacote, ainda em fase de negociações entre o secretário do Tesouro, Henry Paulson, e a Câmara dos Representantes – equivalente à Câmara dos deputados -, prevê a injeção de US$ 700 bilhões pelo Estado para a compra de “títulos podres”, sem liquidez, em poder dos bancos. “Pondo um ponto final para o reembolso de débito (deleveraging) das instituições financeiras – o que estava acontecendo em uma velocidade alarmante por meio de perdas de capital e contração de crédito -, o plano de socorro sistêmico contribui para estabilizar as economias norte-americana e mundial”, entende Gurría. “Esta ação criará condições para a necessária recapitalização das instituições financeiras, que poderão deixar ativos hipotecários problemáticos, obter novos capitais, reconquistar a confiança dos credores e ainda restabelecer as condições de liquidez para empréstimos bancários.”

Gurría encerra a nota reafirmando a disposição da OCDE de continuar trabalhando com governos, bancos centrais e instituições internacionais para “implementar reformas regulatórias e de supervisão dos mercados financeiros e de capital”. “Esta missão é o coração da OCDE: encorajar e tornar mais fortes as economias de mercado, em estreita colaboração com seus governos membros.” A nota oficial foi a primeira manifestação oficial da OCDE sobre o tema. Assediada pela imprensa internacional, a Divisão de Relações com a Mídia, com sede em Paris, vinha afirmando que a instituição não se pronunciaria “enquanto as circunstâncias da crise não estivessem claras”. Em lugar de manifestações oficiais, a entidade destacou experts para analisar o momento econômico, ressaltando no entanto que eles não expressariam sua posição diante da crise.