O Paraná é um Estado vocacionado para as relações internacionais.

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Como elemento místico de predestinação, poder-se-ia recordar que sua fronteira oeste é o palco natural de um dos maiores feitos da diplomacia brasileira a atuação do Barão do Rio Branco na Questão das Missões, que incorporou, inter alia, àquela unidade da Federação seu ícone maior, as Cataratas do Iguaçu.

Em termos reais, tal predisposição advém, de uma ótica humanística, das enormes levas imigratórias que o Paraná acolheu, de ucranianos, poloneses, italianos, alemães e japoneses, entre outras, o que atribui a seu povo dimensões universalistas, que se refletem tanto na variedade de tipos humanos, como no interesse pelos temas internacionais ou na culinária.

Essa diversidade de etnias sem dúvida influi no interesse dos universitários pelo estudo de relações internacionais, que é ministrado não somente em várias universidades de Curitiba, como a Federal (curso de pós-graduação), a Tuiuti, a Unibrasil, e as Faculdades Curitiba, como do interior, tais que a Faculdade Integrado, em Campo Mourão, e as Faculdades Guarapuava. Recentemente, várias instituições capitalinas associaram-se para pôr em funcionamento o primeiro curso preparatório de candidatos à carreira diplomática. Ainda na área acadêmica, Curitiba vem sediando vitaliciamente sucessivas edições do Congresso Brasileiro de Direito Internacional.

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Por outro lado, muitos são os atrativos que o Paraná oferece à parceria e cooperação internacionais.

O Estado beneficia-se de sua proximidade dos grandes centros produtores e consumidores do País, com o que, para investidores internacionais, ganha qualificação preferencial ou alternativa, mercê de sua malha viária, do porto de Paranaguá o maior terminal graneleiro do mundo-, da abundância de recursos humanos treinados e de recursos naturais, como o potencial hídrico e as terras férteis.

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Oferece ainda altos índices de desenvolvimento humano e de qualidade de vida, bem como custos operacionais e níveis de segurança vantajosos, comparados com outros pólos nacionais de desenvolvimento. É notável o trabalho de recuperação de cobertura vegetal realizado no Estado do Paraná, particularmente no tocante à araucaria angustifoliae, conhecida como ?pinheiro-do-Paraná?, assim como em matéria de preservação de corredores de biodiversidade, gestão de recursos hídricos e reciclagem de dejetos e embalagens, recuperação das matas ciliares, etc.

O Paraná possui três centros de convenções que estão capacitados a hospedar eventos de grande porte, como o recém-reinaugurado Centro de Convenções de Curitiba, com mais de oito mil metros quadrados de área útil, o ExpoTrade Pinhais, que sediou os eventos da ONU adiante comentados e o Centro de Convenções de Foz do Iguaçu, com área total superior a 15 mil metros quadrados.

Não é sem motivo que o Paraná tem atraído investimentos estrangeiros, como os da Volvo, VW-Audi, Renault, Nissan, Perkins (São José dos Pinhais), a Kraft, a Bosch (Curitiba), a Cargill (Paranaguá e Ponta Grossa), a Novozymes (Araucária), a Norske Skog (Jaguariaíva), e a cadeia Mercure-Ibis.

Também não é sem razão que o Paraná vem alternando-se com Minas Gerais e Rio Grande do Sul como o segundo maior exportador brasileiro. É uma das cinco maiores economias do Brasil. Em 2005, contava 10.261.856 milhões de habitantes, um PIB de R$ 98.999.740,251 em 2003, ou seja, 6,4 % do total brasileiro. Em 2005, exportou US$ 10.022.668.933, isto é, 8,47% do total nacional.

O Paraná é o maior produtor nacional de grãos, com 25% do total nacional, o primeiro de milho, feijão e trigo, o segundo de soja, tem o segundo rebanho bovino e o terceiro rebanho suíno. É o primeiro em abate de aves, com 23% da produção nacional, o que representa um bilhão de cabeças. É o maior pólo madeireiro do país. Dispõe do segundo maior e do mais moderno pólo automotivo do Brasil. Destaca-se ainda por sua infra-estrutura aeroportuária e ferroviária, além da portuária, e pela produção de gás natural. É o maior gerador brasileiro de energia hidrelétrica. O agronegócio, por sua vez, constitui um grande filão produtor e exportador do Estado.

As Cataratas do Iguaçu representam a segunda maior destinação turística no Brasil, atraindo anualmente mais de um milhão de turistas de todas as partes do mundo, grande parte dos quais aproveita para visitar ainda as instalações da Itaipu Binacional.

Vários órgãos e entidades paranaenses contam em suas estruturas com um setor internacional. No caso da Federação das Indústrias (Fiep), o Centro Internacional de Negócios (CIN); no da Associação Comercial do Paraná, o Conselho de Comércio Exterior; no da Universidade Federal, a Assessoria Internacional, que informa o Magnífico Reitor das oportunidades que se abrem à cooperação no exterior com instituições de ensino e pesquisa; a Secretaria de Indústria e Comércio e Assuntos do Mercosul dispõe de uma Coordenadoria Internacional. Setores do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) e do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) desenvolvem projetos em colaboração com agentes externos. A Itaipu Binacional implementa projetos regionais de turismo, preservação do meio ambiente e outros de caráter social, com a participação dos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu.

O Museu Oscar Niemeyer (Mon), inaugurado em 2003, com uma área de exposição maior que a do Parque Ibirapuera, credencia-se para abrigar exposições internacionais de destaque, bem como vem constituindo expressivo acervo nacional e internacional.

Secretarias ou núcleos de relações internacionais estão instalados nas Prefeituras de Curitiba, Londrina e Maringá, assim como nas de Foz do Iguaçu, Cascavel e Guarapuava.

Os interesses do Paraná na área internacional vêm-se sofisticando nos últimos anos, sendo de assinalar-se, entre as motivações, os projetos de instalação de parques tecnológicos em Curitiba, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel e Pato Branco, o interesse pelas nanotecnologias, pela biotecnologia, pelos segmentos portadores de futuro, pela técnica de formação de cadeias produtivas (clusters) e arranjos produtivos locais (APLs).

O governador Roberto Requião de Mello e Silva recebe freqüentes visitas de chefes de missões diplomáticas, e as intercambia com governadores de províncias vizinhas, em especial Córdoba, Rosário e Misiones, na Argentina, e Alto Paraná, no Paraguai. A rede consular no Paraná conta com cerca de 60 (sessenta) Consulados espalhados por todo o Estado, e congregados na Sociedade Consular do Paraná, sediando Curitiba 8 (oito) consulados-gerais de carreira: Portugal, Itália, Japão, Polônia, Ucrânia, Paraguai, Argentina e Uruguai.

Situado na Região Sul, e fronteiriço com Argentina e Paraguai, o Paraná desfruta de um potencial natural de integração com o Mercosul, o que constitui estratégia prioritária de seu atual governo, para quem o bloco não se resume em integração de mercados, mas deve constituir uma sinergia política, econômica e cultural.

Destarte, inúmeras foram as expedições do Estado, no atual governo, a províncias e cidades da região, como Buenos Aires, Córdoba, Rosário, Montevidéu, Santiago e Assunção, visitas que reúnem autoridades e empresários, normalmente chefiadas pelo próprio Governador Roberto Requião.

 A tríplice fronteira, por sua vez, presta-se à execução de investimentos conjuntos, que contribuam para desenvolver um mercado sub-regional, interiorizar o Mercosul, aumentar a infra-estrutura física sul-americana e promover a inclusão social.

Cerca de dois meses antes de sua adesão formal ao Mercosul, o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, visitou o Paraná, acompanhado de diversos governadores e do prefeito de Caracas, que assinaram com o governo do Estado quinze termos de cooperação nas áreas de agricultura, meio ambiente, saneamento básico, educação, ciência e tecnologia, e habitação. Aproximadamente 50 empresários venezuelanos mantiveram rodadas de negócios com empresários paranaenses, num valor estimativo de US$ 440 milhões em volumes de negócios, somando-se parcerias privadas e governamentais.

O Paraná, no âmbito do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul) estimula a cooperação entre o órgão e seu homólogo argentino, a Comisión Regional de Comércio Exterior del Noreste Argentino (Crecenea).

As iniciativas econômicas na arena internacional dirigem-se, entretanto, a todos os quadrantes: Canadá, China, Alemanha, Espanha, Itália e Japão já foram visitados pelo governador. Em conexão com a Semana do Paraná na França, que se inseriu no calendário de comemorações do Ano do Brasil na França, o governador Roberto Requião visitou aquele país em outubro último, à frente de ativa delegação oficial e empresarial, do que já resultou a realização, em Curitiba, em fevereiro, da I Reunião do Comitê de Pilotagem Paraná/Rhône-Alpes.

Na seara jornalística, o Paraná passou recentemente a dispor de veículo que, de modo competente, dá cobertura aos temas internacionais de interesse para o Estado – a revista Diplomacia e Negócios e o respectivo site (http://www.diplomaciaenegocios.com.br), profissionalmente editados pelo Jornalista João Luis Pereira das Neves.

Curitiba é referência internacional em planejamento urbano, moradia social, transportes públicos, preservação ambiental e de áreas públicas, transplante de medula óssea e combate à Sida. Atrai anualmente intensa visitação oficial, proveniente de todas as partes do mundo com o propósito de absorver a experiência municipal nesses campos, o que abre caminho à formação de parcerias e negócios outros.

Em maio último, a capital do Paraná sediou a 8.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8) e a 3.ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP-3), e Foz do Iguaçu é forte candidato a abrigar, em 2007, a IV Conferência Internacional das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

O escritório de representação do Ministério das Relações Exteriores no Paraná, instalado em 1997, foi formalmente criado em 07 de dezembro de 1998, mediante convênios sucessivamente assinados entre o Ministério e o Estado naquela data, em 19 de abril de 2002 e 12 de abril de 2005, além do Decreto n.º 3.959, de outubro de 2001. Atende ao setor público estadual e municipal, em seus três Poderes, e à comunidade acadêmica e empresarial, dispondo ainda de um serviço consular para casos específicos.

No presente governo, o Erepar (i) organizou as visitas do secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, a Curitiba, nos dias 1.º de setembro de 2003, 23 -24 de abril e 21 de setembro de 2004, 11 -12 de abril e 21 de outubro de 2005, e 02 de junho de 2006; (ii) a homenagem ao Barão do Rio Branco, no contexto das comemorações do sesquicentenário do Paraná, em 24 de novembro de 2003; e (iii) coordenou da representação paranaense ao I Encontro Negociação Internacional – Estados e Municípios, realizada no dia 08 de agosto de 2006, no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

Registra, ainda, entre suas principais realizações, (i) organização, em parceria com entidades estaduais, do Seminário ?Promoção de exportações: o Paraná na agenda internacional?, em 28 – 29 de setembro de 2003; (ii) organização da Missão Institucional e Empresarial do Governo do Estado do Paraná, chefiada pelo governador, à Província de Québec, no período de 08 a 13 de maio de 2004;

(iii) edição, em 2004, do livro Promoção de exportações: o Paraná na agenda internacional (com o patrocínio da Itaipu), que reúne os painéis apresentados ao seminário de mesmo nome; (iv) participação na delegação chefiada pelo governador Roberto Requião a Buenos Aires, de 03 a 07 de março de 2004, e a Paris e Lyon para os eventos da Semana do Paraná na França, de 08 a 17 de outubro de 2005; (v) coordenação do I Comitê de Pilotagem Paraná/Rhône-Alpes, de 21 a 23 de fevereiro de 2006, em Curitiba; e (vi) acompanhamento da visita do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a Curitiba dia 20 de abril de 2006.

O Ministério das Relações Exteriores e o Estado do Paraná estão, assim, de mãos dadas na promoção do desenvolvimento humano, econômico e social do rincão paranaense através das múltiplas possibilidades que descortinam as relações internacionais.

Sérgio Couri – ministro-chefe do Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores no  Paraná (Erepar); Carolina Licht – assessora do chefe do Erepar. Informe ao I Encontro Negociação Internacional Estados e Municípios, realizado dia 08 de agosto de 2006, no Palácio do Itamaraty, em Brasília.